Em um experimento histórico, cientistas do Reino Unido conseguiram conectar dois processadores quânticos separados usando cabos de fibra óptica comuns. A conquista representa um passo crucial rumo à criação de supercomputadores quânticos distribuídos e até mesmo uma futura internet quântica.
Processadores separados, mas unidos como um só
O principal desafio da computação quântica tem sido o aumento da quantidade de qubits, já que sistemas com muitos desses bits quânticos se tornam extremamente instáveis. Isso porque os qubits são sensíveis a qualquer interferência e, quanto mais se adiciona, maior o risco de decoerência, a perda de informação quântica.
Sendo assim, os cientistas decidiram seguir por um caminho alternativo: em vez de tentar construir um único computador com milhões de qubits, por que não conectar múltiplos processadores menores? Foi exatamente isso que fizeram.
Em um estudo publicado na revista Nature, os pesquisadores conectaram dois processadores quânticos (apelidados de Alice e Bob) por meio de uma interface de rede fotônica utilizando fibras ópticas comuns. Com isso, conseguiram compartilhar recursos e executar algoritmos quânticos como uma única unidade.
Veja mais:
- A maioria das IAs ainda não podem dizer as horas e nem ler calendário
- Múmia de 800 anos com tatuagens no rosto chama atenção de arqueólogos
Computação distribuída: solução para a escalabilidade
Vale destacar que, ao adotar essa abordagem, os cientistas demonstraram a viabilidade da computação quântica distribuída (DQC). Dessa maneira, múltiplos processadores quânticos podem trabalhar juntos em cálculos complexos, muito além do alcance dos supercomputadores clássicos.
Além disso, o experimento testou o algoritmo de busca de Grover, conhecido por encontrar informações em grandes conjuntos de dados. Isso só foi possível graças ao emaranhamento quântico entre fótons, um fenômeno fundamental da física quântica.
Tecnologia atual já permite avanços concretos
Cabe ressaltar que, embora a distância entre Alice e Bob fosse de apenas dois metros, testes futuros devem expandir esse alcance. Por isso, os cientistas consideram a adição de repetidores quânticos para ampliar a conexão em redes maiores. David Lucas, pesquisador principal do projeto, afirmou:
“O experimento da equipe demonstra que o processamento de informações quânticas distribuídas em rede é viável com a tecnologia atual”, disse o pesquisador.
No entanto, ele também reconheceu:
“Aumentar a escala dos computadores quânticos continua sendo um desafio técnico formidável que provavelmente exigirá novos insights em física, bem como um esforço intensivo de engenharia nos próximos anos” finalizou.
Desse jeito, o experimento não apenas prova conceito para o futuro da computação quântica, mas também lança as bases para uma rede global de comunicações seguras, a tão sonhada internet quântica.