Passado vulcânico da Amazônia revela um dos vulcões mais antigos

Vista aérea sobre a floresta amazônica (Crédito da imagem: Canva Pro/ Fernando Alonso de Getty Images)

A Amazônia, conhecida mundialmente por sua floresta tropical, guarda em seu subsolo um passado surpreendente. Pesquisas recentes revelam que, há 1,9 bilhão de anos, a região foi palco de um dos maiores sistemas vulcânicos da Terra, cuja preservação impressiona até hoje. Esse achado não apenas amplia o conhecimento sobre a geologia brasileira, como também coloca o país em evidência nos estudos sobre a história do planeta.

Uma origem que desafia o tempo

  • O chamado “Vulcão Amazonas” é considerado o mais antigo do mundo;
  • Sua formação ocorreu por anomalias térmicas, não pelo choque de placas tectônicas;
  • Estruturas entre os rios Tapajós e Jamanxim chegam a 300 m de altura e 1,7 km de diâmetro;
  • O vulcanismo amazônico ocorreu em três grandes fases: há 2 bilhões, 1,88 bilhão e 1,78 bilhão de anos;
  • Pesquisas revelam que essas erupções deram origem ao Cráton Amazônico e a depósitos minerais valiosos.

Pesquisadores identificaram estruturas vulcânicas preservadas na região, reforçando a ideia de que a Amazônia já foi cenário de intensa atividade geológica.

“A área amazônica viveu provavelmente a maior área de vulcanismo com tamanha intensidade no mundo”, afirmou Caetano Juliani, do Instituto de Geociências da USP.

Caldeiras, rochas e pulsos de erupções

No lado esquerdo, observam-se amostras de rochas resultantes de atividade vulcânica, como riolitos, tufos lapilli e materiais piroclásticos; já à direita, aparecem os mapas indicando os locais onde essas rochas foram identificadas. (Crédito da imagem: Alex Calixto/Unicamp)

Ao contrário do que se imagina, o Vulcão Amazonas não era um cone isolado, mas um conjunto de caldeiras vulcânicas, formadas quando a câmara magmática se esvaziava e o terreno acima colapsava. Estudos mostram que, em diferentes épocas, a região foi moldada por pulsos sucessivos de erupções.

Na Província Mineral de Alta Floresta (Mato Grosso e Pará), o geólogo André Kunifoshita (Unicamp) analisou rochas originadas dessas erupções.

“Nossa hipótese é que sejam rochas do mesmo período, mas geradas por pulsos vulcânicos diferentes. Comparando com hoje, é semelhante ao que ocorre no Monte Etna, na Itália”, explicou.

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Entre os materiais preservados estão riolitos, associados a erupções calmas, e tufos piroclásticos, típicos de explosões violentas. A preservação desses registros, mesmo após bilhões de anos, continua a intrigar os cientistas.

Riqueza mineral e segurança atual

Além do valor científico, esse passado está relacionado à formação de depósitos minerais como ouro, prata, cobre e zinco. Apesar da magnitude desses fenômenos, o vulcanismo amazônico está totalmente extinto.

“Se o nosso conhecimento estiver correto, processos desse tipo só vão voltar a ocorrer daqui a centenas de milhões de anos”, concluiu Juliani.

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Leandro Sinis é biólogo, formado pela UFRJ, e atua como divulgador científico. Apaixonado por ciência e educação, busca tornar o conhecimento acessível de forma clara e responsável.

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