Novo vírus do Pacífico surpreende cientistas com cauda gigante

Foto do PelV-1 gerada por microscopia eletrônica de transmissão (TEM) (Crédito da imagem: Gajigan et al., 2025)

Cientistas identificaram no Oceano Pacífico um vírus que foge totalmente do padrão já conhecido. Nomeado de PelV-1, ele chamou a atenção porque apresenta a maior cauda já observada em vírus. Essa estrutura, extremamente alongada, pode modificar a forma como entendemos as interações entre vírus e seus hospedeiros marinhos. Os primeiros resultados foram divulgados em pré-print no repositório bioRxiv e ainda aguardam avaliação por pares.

Os principais pontos da descoberta

  • Dimensão inédita: a cauda do PelV-1 mede cerca de 2.300 nanômetros, contra 135 nanômetros em vírus semelhantes;
  • Escala comparativa: a diferença é tão extrema quanto um humano diante de uma baleia-azul;
  • Hospedeiro identificado: o vírus foi flagrado atacando plânctons, base essencial da cadeia alimentar dos oceanos;
  • Estrutura especial: sua ponta possui ganchos em formato de estrela, que aumentam a aderência às células;
  • Classificação: pertence ao grupo dos “vírus gigantes”, conhecidos pelo tamanho e pelo repertório genético incomum.

Vantagens adaptativas do PelV-1

Micrografias eletrônicas de varredura (MEV) e de transmissão (MET) do sistema Pelagodinium-PelV1 nos estágios iniciais da infecção. (Crédito da imagem: Gajigan et al., 2025)

O alongamento exagerado da cauda pode representar uma vantagem adaptativa. Em regiões onde os plânctons são menos abundantes, a habilidade de localizar e se prender com firmeza ao hospedeiro garante maior sucesso ao vírus.

Diferentemente de organismos celulares, os vírus não conseguem gerar energia ou se multiplicar sozinhos. Assim, cada detalhe estrutural que facilite a invasão de uma célula se torna crucial.

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De acordo com o oceanógrafo Andrian Gajigan, da Universidade do Havaí, em resumo com outros autores:

“Vírus gigantes desafiaram nossas visões tradicionais de virologia devido ao seu grande tamanho e à presença de centenas de genes metabólicos auxiliares. Mas, apesar da imensa diversidade de vírus gigantes descoberta por meio de sequenciamento, poucos isolados foram descritos, e esses eram principalmente vírus que infectam hospedeiros ameboides e raramente do fitoplâncton. Isso dificulta nossa compreensão da interação hospedeiro-vírus marinho e, portanto, do impacto dos vírus no ecossistema oceânico”, disse o cientista.

Os cientistas acreditam que o PelV-1 é apenas o começo. Diversos vírus desconhecidos podem estar escondidos nos mares, aguardando para serem descritos. Cada descoberta desse tipo amplia o conhecimento sobre a diversidade viral e sobre o papel dessas entidades na evolução e no equilíbrio ecológico dos oceanos.

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Leandro Sinis é biólogo, formado pela UFRJ, e atua como divulgador científico. Apaixonado por ciência e educação, busca tornar o conhecimento acessível de forma clara e responsável.

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