Um estudo recente publicado na revista Alzheimer’s & Dementia trouxe uma descoberta promissora no combate à doença de Alzheimer. Pesquisadores da Universidade Northwestern testaram o composto experimental NU-9 em modelos animais e observaram que ele é capaz de interromper alterações cerebrais críticas antes do surgimento dos sintomas cognitivos. Esta abordagem abre caminho para intervenções precoces, algo essencial, considerando que a doença se desenvolve décadas antes da perda de memória aparente.
No estudo, os cientistas identificaram um subtipo altamente tóxico de oligômeros beta-amiloides, proteínas responsáveis por iniciar a cascata degenerativa do Alzheimer. Ao reduzir esse subtipo, o NU-9 mostrou efeitos significativos na proteção dos neurônios e na redução da inflamação cerebral. Principais efeitos observados do NU-9:
- Redução do acúmulo de oligômeros beta-amiloides tóxicos dentro dos neurônios;
- Diminuição da astrogliose reativa, reação inflamatória precoce no cérebro;
- Redução da forma anormal da proteína TDP-43, associada à degeneração cognitiva;
- Ação anti-inflamatória que se estende a várias regiões do cérebro.
Intervenção precoce com NU-9 promete proteger o cérebro de danos
Até então, cientistas acreditavam que as placas de beta-amiloide eram os principais culpados. No entanto, o estudo revelou que nem todos os oligômeros são iguais: o subtipo denominado ACU193+ surge dentro de neurônios sob estresse e ativa astrócitos próximos, desencadeando uma cascata inflamatória precoce. Ao neutralizar esses oligômeros, o NU-9 age antes que os danos cerebrais se consolidem, funcionando como uma profilaxia da doença.

A equipe compara o NU-9 a estratégias usadas na prevenção de doenças cardiovasculares e câncer, agindo antes que os sintomas apareçam. Com diagnósticos precoces e biomarcadores em desenvolvimento, o composto poderia ser administrado antes do comprometimento cognitivo, potencialmente retardando ou evitando a progressão do Alzheimer.
O medicamento, originalmente desenvolvido por Richard Silverman, já demonstrou eficácia em outras doenças neurodegenerativas, incluindo esclerose lateral amiotrófica (ELA), mostrando que sua ação de eliminação de proteínas tóxicas é versátil.
Próximos passos da pesquisa
O NU-9 está sendo testado em modelos de Alzheimer com início tardio, simulando melhor o envelhecimento humano. Os pesquisadores planejam estudos de longo prazo para avaliar efeitos sobre memória, saúde neuronal e progressão da doença, abrindo caminho para futuros ensaios clínicos em humanos.A descoberta representa um avanço importante na medicina preventiva, trazendo esperança de que a doença de Alzheimer possa ser combatida antes mesmo de seus primeiros sinais aparecerem.

