Nova previsão da SpaceX coloca retorno da NASA à Lua em xeque

Starship enfrenta atrasos e retorno lunar pode ser adiado para 2028 (Imagem: Gerada por IA/ Gemini)
Starship enfrenta atrasos e retorno lunar pode ser adiado para 2028 (Imagem: Gerada por IA/ Gemini)

A meta de retornar astronautas à superfície lunar em 2027 começa a parecer cada vez mais distante. Informações recentes sobre o andamento do sistema Starship, desenvolvido pela SpaceX, indicam que o avanço tecnológico necessário para viabilizar a missão Artemis 3 ainda enfrenta etapas críticas. Embora a NASA mantenha a previsão oficial, projeções internas sugerem que o primeiro pouso tripulado pode ocorrer apenas em 2028, um sinal de que a janela operacional da missão está sob pressão crescente.

Logo de início, chama atenção o fato de que marcos essenciais permanecem incompletos. A nave precisa demonstrar desde reabastecimento orbital até pousos controlados em ambiente lunar. Esses pontos são considerados indispensáveis para garantir a segurança da tripulação. Pontos-chave do possível adiamento:

  • Primeiro pouso tripulado pode escorregar para setembro de 2028;
  • Reabastecimento orbital ainda não foi demonstrado em escala real;
  • Starship exige até 12 reabastecimentos antes de seguir à Lua;
  • Versão Block 2 avança, mas ainda acumula limitações técnicas;
  • Intervalo entre Artemis 2 e Artemis 3 pode superar dois anos.

Testes desafiadores e um ano turbulento para a Starship

O ano de 2025 marcou intensas tentativas de validação do sistema completo da Starship. Entre cinco lançamentos realizados, apenas os dois voos mais recentes demonstraram maior estabilidade, incluindo pousos suaves do estágio superior, um avanço, mas ainda insuficiente para cumprir a cadeia de requisitos do programa lunar.

NASA corre risco de adiar missão Artemis 3 por problemas na nave (Imagem: NASA)
NASA corre risco de adiar missão Artemis 3 por problemas na nave (Imagem: NASA)

Ainda assim, a SpaceX demonstra evolução gradual, especialmente no controle do gigantesco foguete Super Heavy, que recentemente conseguiu ser recuperado por braços mecânicos da torre de lançamento, um feito sem precedentes.

Apesar desses progressos, o grande obstáculo continua sendo o reabastecimento criogênico em órbita, um processo complexo que nunca foi testado em ambiente real. Sem essa etapa, a nave simplesmente não possui energia suficiente para completar ida e volta entre a órbita terrestre e a superfície lunar. Por isso, cada atraso nessa demonstração empurra a missão para mais longe.

Consequências diretas para o cronograma Artemis

Se a nova previsão se confirmar, a NASA enfrentará um intervalo incomum entre a Artemis 2, programada para 2026, e a Artemis 3. Ao contrário do ritmo acelerado do programa Apollo, que lançava missões em poucos meses, o período atual exige um desenvolvimento minucioso e altamente tecnológico. 

Além disso, embora a reutilização total da Starship não seja obrigatória para esta fase do projeto, a agência depende da confiabilidade do foguete para colocar astronautas em segurança na superfície lunar. A expectativa agora recai sobre a versão revisada do cronograma, prevista para ser apresentada em dezembro.

Leandro Sinis é biólogo, formado pela UFRJ, e atua como divulgador científico. Apaixonado por ciência e educação, busca tornar o conhecimento acessível de forma clara e responsável.