A crosta terrestre está longe de ser estática e um novo registro surpreendente provou isso com clareza. Pesquisadores identificaram uma placa tectônica se rompendo sob o oceano na costa do Canadá, em um evento que marca o nascimento de uma nova fronteira geológica. A descoberta foi possível graças a uma técnica que funciona como um ultrassom geológico, permitindo enxergar estruturas profundas com alta precisão.
Essa observação inédita, liderada por cientistas da Universidade Estadual da Louisiana e publicada na revista Science Advances, mostra que a microplaca Explorer está se separando do remanescente da antiga placa de Farallon na região de Cascadia, famosa por sua intensa atividade sísmica e vulcânica.
O que está acontecendo lá embaixo?

A técnica utilizada, chamada reflexão sísmica, envia ondas sonoras potentes ao fundo do mar, que retornam após atravessar diferentes camadas de rocha. Assim, foi possível visualizar falhas profundas e uma zona de subducção em colapso, algo extremamente raro de ser observado ao vivo na escala geológica.
Para facilitar, pense na Terra em movimento constante. Nesse caso, o processo observado indica que:
- Uma placa oceânica antiga está se fragmentando;
 - A subducção tradicional está perdendo força;
 - Começa a surgir um movimento lateral, típico de falhas transformantes;
 - O planeta está abrindo espaço para uma nova arquitetura tectônica.
 
Esse fenômeno, conhecido como slab tearing (rasgo de placa), redistribui tensões internas e pode influenciar futuros padrões de terremotos e vulcões no Pacífico Norte.
Quando o mapa da Terra se redesenha
Zonas de subducção, como as do Círculo de Fogo do Pacífico, são regiões onde uma placa mergulha sob outra. Elas criam cadeias montanhosas, alimentam vulcões e provocam terremotos intensos. No entanto, elas não duram para sempre.

Com o passar de milhões de anos, a força que puxa a placa para baixo pode diminuir, levando ao rompimento da estrutura. Em Cascadia, as imagens do fundo do mar revelaram que esse processo já está em andamento há cerca de 4 milhões de anos, e segue ativo hoje.
Além disso, o modelo sugerido pelos pesquisadores indica que a ruptura pode abrir uma janela no manto, facilitando a ascensão de magma quente e explicando novos vulcões observados na costa oeste canadense.
Há riscos para as populações humanas?
A boa notícia é que o fenômeno ocorre em escala geológica, ou seja, extremamente lenta. Não há ameaça imediata para moradores da região. Entretanto, compreender o fim de uma zona de subducção é fundamental, pois pode ajudar a prever mudanças futuras na atividade sísmica e vulcânica global.
Este estudo reforça algo fascinante sobre o planeta: mesmo sob nossos pés, a Terra está viva, dinâmica e em constante reinvenção.

