Uma descoberta surpreendente no lado oculto da Lua está oferecendo novas pistas sobre a origem da água no Sistema Solar. Cientistas chineses identificaram, nas amostras coletadas pela missão Chang’e-6, partículas de um meteorito extremamente raro, conhecido como condrito carbonáceo do tipo Ivuna (CI), um material com até 20% de água em sua composição. Esse tipo de rocha espacial é considerado um “registro fóssil” do início do Sistema Solar, preservando moléculas orgânicas e compostos voláteis que podem ter desempenhado papel crucial no surgimento da vida.
Principais destaques da descoberta
- O condrito CI é um dos meteoritos mais “molhados” já conhecidos;
- É extremamente raro na Terra, pois se desintegra facilmente na atmosfera;
- Foram encontradas sete amostras nas rochas lunares da Bacia Apollo;
- A Bacia Apollo fica dentro da cratera Polo Sul–Aitken, uma das maiores da Lua;
- O achado reforça a hipótese de que asteroides antigos trouxeram água e compostos orgânicos para a Lua e a Terra.
Evidências de impactos antigos ricos em água

As análises, publicadas na revista Proceedings of the National Academy of Sciences, mostram que os fragmentos apresentam assinaturas químicas idênticas às dos condritos CI, mas distintas das rochas terrestres e lunares. Isso indica que a água presente nesses meteoritos não se originou na Lua, mas veio de impactos de asteroides primitivos ocorridos há bilhões de anos.
A descoberta reforça a teoria de que a água e os compostos orgânicos chegaram à Terra e à Lua por meio de colisões cósmicas, explicando em parte a formação dos oceanos e das condições favoráveis à vida em nosso planeta.
Novas perspectivas para exploração lunar
Pesquisadores planejam aplicar a mesma metodologia em futuras missões para identificar materiais exógenos em novas amostras lunares. Esses estudos podem ampliar o entendimento sobre como a água se distribuiu no Sistema Solar interno e o papel dos meteoritos na formação dos planetas rochosos.
A descoberta é um marco para a ciência planetária e coloca a missão Chang’e-6 entre as mais importantes da era moderna da exploração lunar, oferecendo novas pistas sobre a origem da água e da vida no cosmos.

