Mel com chocolate é desenvolvido por cientistas brasileiros com propriedades antioxidantes 

Mel de abelhas nativas ganha sabor de chocolate e benefícios funcionais (Imagem: Pixabay/ Canva Pro)

Pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) desenvolveram um mel com sabor de chocolate utilizando casca da amêndoa do cacau e mel de abelhas nativas sem ferrão, criando um produto que alia sabor, valor nutricional e sustentabilidade. A inovação transforma um resíduo da indústria do chocolate, normalmente descartado, em um alimento funcional rico em compostos bioativos, pronto para consumo direto ou aplicação em alimentos e cosméticos. O estudo foi publicado na revista ACS Sustainable Chemistry & Engineering, destacando a relevância científica da pesquisa.

O processo emprega extração assistida por ultrassom, usando o mel como solvente comestível, capaz de transferir compostos bioativos da casca de cacau, como cafeína e teobromina, enriquecendo o mel com propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias.

Como o mel sabor chocolate é produzido

O método pode ser resumido em etapas claras:

  • Seleção do mel de abelhas nativas com maior potencial como solvente;
  • Mistura do mel com as cascas de amêndoa do cacau;
  • Aplicação de ultrassom, que gera microbolhas para romper as células vegetais e liberar os compostos bioativos;
  • Obtenção do mel enriquecido, pronto para consumo direto ou uso em alimentos e cosméticos.

Essa técnica não apenas aumenta o valor nutricional do mel, mas também contribui para a sustentabilidade, aproveitando resíduos do cacau e respeitando a biodiversidade local.

Benefícios nutricionais e comerciais

Inovação sustentável: mel sabor chocolate com compostos antioxidantes (Imagem: Getty Images/ Canva Pro)
Inovação sustentável: mel sabor chocolate com compostos antioxidantes (Imagem: Getty Images/ Canva Pro)

O mel resultante apresenta vantagens que vão além do sabor:

  • Compostos estimulantes, como cafeína e teobromina, que podem favorecer a saúde cardiovascular;
  • Ação antioxidante e anti-inflamatória, fortalecendo o valor funcional do produto;
  • Potencial de aplicação em alimentação gourmet, cosméticos e indústria funcional;
  • Maior estabilidade microbiológica, com ultrassom auxiliando na redução de microrganismos que degradam o mel.

Sustentabilidade e inovação tecnológica

O uso de ultrassom como ferramenta de extração é eficiente e ambientalmente amigável, reduzindo tempo e consumo de recursos em comparação com métodos tradicionais. Além disso, a técnica permite adaptar o processo a diferentes espécies de abelhas nativas, garantindo flexibilidade e valorização de produtos locais.

A pesquisa abre novas possibilidades para o desenvolvimento de alimentos funcionais de alto valor agregado, com sabor diferenciado e benefícios para a saúde, promovendo ao mesmo tempo a inovação sustentável na indústria do mel e do cacau.

Leandro Sinis é biólogo, formado pela UFRJ, e atua como divulgador científico. Apaixonado por ciência e educação, busca tornar o conhecimento acessível de forma clara e responsável.