Imagine um planeta tão esticado pela gravidade que deixa de ser esférico e passa a lembrar um limão. Essa é a surpreendente realidade de PSR J2322-2650b, um exoplaneta observado com precisão inédita pelo Telescópio Espacial James Webb. A descoberta chama atenção não apenas pela aparência incomum, mas sobretudo por revelar um tipo de atmosfera que desafia os modelos clássicos da ciência planetária.
Além disso, o planeta orbita um pulsar, o núcleo ultradenso de uma estrela morta, um ambiente considerado extremamente hostil para a existência de mundos estáveis. Ainda assim, esse corpo celeste não apenas sobrevive como apresenta características jamais registradas em outros exoplanetas analisados até hoje. Alguns fatores ajudam a entender por que esse planeta se tornou um caso tão singular:
- Formato elipsoidal extremo, causado por forças gravitacionais intensas;
- Órbita ultrarrápida, completada em poucas horas;
- Atmosfera dominada por hélio e carbono molecular;
- Ausência quase total de moléculas comuns, como água e metano.
Gravidade extrema moldando um planeta
O formato alongado de PSR J2322-2650b é consequência direta de sua proximidade com o pulsar. A distância entre os dois é tão pequena que as forças de maré literalmente esticam o planeta, deformando sua estrutura interna. Esse efeito é semelhante ao que a Lua provoca nas marés terrestres, porém em uma escala muito mais intensa.

Além disso, o planeta apresenta rotação sincronizada. Isso significa que um hemisfério permanece sempre exposto à radiação do pulsar, enquanto o outro vive em escuridão permanente. Como resultado, surgem contrastes térmicos extremos, com temperaturas capazes de alterar profundamente a química atmosférica.
Uma química atmosférica sem precedentes
O aspecto mais intrigante, no entanto, está na composição da atmosfera. Em vez de compostos comuns, foram identificadas grandes quantidades de carbono molecular (C₂ e C₃) e hélio. Esse padrão foge completamente do esperado, já que o carbono, em condições normais, tende a se combinar com oxigênio ou hidrogênio.
Essa configuração sugere processos físicos e químicos raríssimos. Uma das hipóteses considera a formação de nuvens de fuligem de carbono, que poderiam se condensar e precipitar, talvez até formando cristais sólidos. Ainda assim, nenhuma explicação atual consegue esclarecer totalmente como esse planeta se formou ou manteve tal composição.
Mais do que uma curiosidade astronômica, o planeta em forma de limão amplia os limites do que se entende sobre diversidade planetária. Ele mostra que o universo é capaz de produzir mundos que escapam completamente das regras conhecidas, reforçando a importância de observações avançadas e modelos mais flexíveis.

