James Webb encontra buraco negro misterioso surgido logo após o Big Bang

Buraco negro ancestral desafia a origem do universo (Imagem: Getty Images/ Canva Pro)
Buraco negro ancestral desafia a origem do universo (Imagem: Getty Images/ Canva Pro)

O telescópio espacial James Webb (JWST) revelou recentemente um dos achados mais intrigantes da cosmologia moderna: um buraco negro supermassivo que teria se formado apenas alguns milhões de anos após o Big Bang. Este objeto cósmico antigo desafia o entendimento tradicional de como o universo evoluiu, sugerindo que buracos negros podem ter surgido antes mesmo das primeiras estrelas e galáxias.

Um buraco negro quase “nu”

Os astrônomos identificaram o ponto vermelho denominado QSO1, localizado a mais de 13 bilhões de anos-luz da Terra, quando o universo tinha apenas 700 milhões de anos. Diferentemente dos buracos negros centrais em galáxias atuais, o QSO1 parece estar quase isolado, cercado por uma quantidade relativamente pequena de gás e poeira.

Alguns pontos-chave dessa descoberta incluem:

  • Massa do buraco negro: cerca de 50 milhões de massas solares;
  • Material circundante: menos da metade da massa do buraco negro, indicando ausência de uma galáxia hospedeira robusta;
  • Composição química: praticamente hidrogênio e hélio puros, remanescentes do Big Bang;
  • Distinção em relação ao universo local: buracos negros modernos normalmente possuem massas mil vezes menores em relação à galáxia central.
James Webb revela mistério cósmico após o Big Bang (Imagem:  JWST/Nasa/Esa/CSA)
James Webb revela mistério cósmico após o Big Bang (Imagem: JWST/Nasa/Esa/CSA)

Esses dados indicam que o QSO1 poderia ser um buraco negro primordial, um tipo de objeto previsto teoricamente pelo físico Stephen Hawking, mas até agora nunca observado.

Implicações para a cosmologia

O achado levanta questões importantes sobre a formação de estruturas no universo. Tradicionalmente, acredita-se que as estrelas surgem primeiro, colapsando depois em buracos negros. No entanto, a existência do QSO1 sugere duas possibilidades:

  1. Formação direta de buraco negro: uma grande nuvem de gás primordial colapsou sem formar estrelas, criando um buraco negro supermassivo;
  2. Buraco negro primordial: o objeto teria se originado nos primeiros instantes após o Big Bang, sem depender da evolução estelar.

Ainda que o “colapso direto” exija condições extremamente específicas, os astrônomos consideram essa hipótese viável, dado o comportamento incomum do QSO1.

Um novo capítulo na exploração do universo

As observações publicadas em Arxiv indicam que estamos diante de uma mudança de paradigma na cosmologia. A descoberta do QSO1 pelo James Webb não apenas abre caminho para repensar a origem dos buracos negros, mas também permite estudar a química e a dinâmica do universo primordial.

No futuro, novas medições e simulações poderão esclarecer se outros buracos negros supermassivos compartilham essas características, oferecendo uma visão mais clara do cosmos nos seus primeiros milhões de anos.

Leandro Sinis é biólogo, formado pela UFRJ, e atua como divulgador científico. Apaixonado por ciência e educação, busca tornar o conhecimento acessível de forma clara e responsável.

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