O telescópio espacial James Webb (JWST) revelou recentemente um dos achados mais intrigantes da cosmologia moderna: um buraco negro supermassivo que teria se formado apenas alguns milhões de anos após o Big Bang. Este objeto cósmico antigo desafia o entendimento tradicional de como o universo evoluiu, sugerindo que buracos negros podem ter surgido antes mesmo das primeiras estrelas e galáxias.
Um buraco negro quase “nu”
Os astrônomos identificaram o ponto vermelho denominado QSO1, localizado a mais de 13 bilhões de anos-luz da Terra, quando o universo tinha apenas 700 milhões de anos. Diferentemente dos buracos negros centrais em galáxias atuais, o QSO1 parece estar quase isolado, cercado por uma quantidade relativamente pequena de gás e poeira.
Alguns pontos-chave dessa descoberta incluem:
- Massa do buraco negro: cerca de 50 milhões de massas solares;
- Material circundante: menos da metade da massa do buraco negro, indicando ausência de uma galáxia hospedeira robusta;
- Composição química: praticamente hidrogênio e hélio puros, remanescentes do Big Bang;
- Distinção em relação ao universo local: buracos negros modernos normalmente possuem massas mil vezes menores em relação à galáxia central.

Esses dados indicam que o QSO1 poderia ser um buraco negro primordial, um tipo de objeto previsto teoricamente pelo físico Stephen Hawking, mas até agora nunca observado.
Implicações para a cosmologia
O achado levanta questões importantes sobre a formação de estruturas no universo. Tradicionalmente, acredita-se que as estrelas surgem primeiro, colapsando depois em buracos negros. No entanto, a existência do QSO1 sugere duas possibilidades:
- Formação direta de buraco negro: uma grande nuvem de gás primordial colapsou sem formar estrelas, criando um buraco negro supermassivo;
- Buraco negro primordial: o objeto teria se originado nos primeiros instantes após o Big Bang, sem depender da evolução estelar.
Ainda que o “colapso direto” exija condições extremamente específicas, os astrônomos consideram essa hipótese viável, dado o comportamento incomum do QSO1.
Um novo capítulo na exploração do universo
As observações publicadas em Arxiv indicam que estamos diante de uma mudança de paradigma na cosmologia. A descoberta do QSO1 pelo James Webb não apenas abre caminho para repensar a origem dos buracos negros, mas também permite estudar a química e a dinâmica do universo primordial.
No futuro, novas medições e simulações poderão esclarecer se outros buracos negros supermassivos compartilham essas características, oferecendo uma visão mais clara do cosmos nos seus primeiros milhões de anos.