Um ponto vermelho em uma pedra pode estar reescrevendo a história da arte pré-histórica e do comportamento dos neandertais. Com cerca de 43.000 anos, essa impressão digital feita com ocre é a mais antiga já registrada e foi deixada por um neandertal na Espanha.
A descoberta não só impressiona pelo tempo, mas também porque desafia a ideia de que esses nossos parentes extintos não eram capazes de criar arte simbólica.
Um toque vermelho que fala sobre nosso passado
Vale destacar que o ponto vermelho foi encontrado em uma rocha em formato de rosto no abrigo de San Lázaro, perto de Segóvia. Os pesquisadores acreditam que o ponto representa um nariz, completando as “sobrancelhas” naturais da pedra.
Isso sugere uma intenção simbólica, o que, se confirmado, mudaria nossa compreensão sobre a capacidade artística dos neandertais.

Além disso, exames forenses mostraram que o ponto possui um padrão espiral típico de uma impressão digital, provavelmente de um homem neandertal adulto. Isso porque o mineral ocre foi aplicado de maneira deliberada, indicando uma mente capaz de simbolizar e imaginar, como explica o Conselho Nacional de Pesquisa da Espanha (CSIC):
“Esta descoberta representa a evidência mais completa e antiga de uma impressão digital humana no mundo, inequivocamente atribuída aos neandertais, destacando o uso deliberado do pigmento para fins simbólicos.”
Você pode gostar:
- Mudanças climáticas podem causar colapso nas chuvas e afetar 2 bilhões
- Homem morreu em emboscada com projétil há 17 mil anos na Itália
Controvérsias sobre o simbolismo
No entanto, nem todos os especialistas estão convencidos do significado simbólico do ponto vermelho. O antropólogo Bruce Hardy ressalta que, apesar de a aplicação do ocre ser intencional, “o simbolismo está nos olhos de quem vê.” Dessa maneira, o que parece um nariz pode ser interpretado de formas distintas, como um umbigo, segundo a arqueóloga Rebecca Wragg Sykes.
Com isso, o debate sobre a arte dos neandertais permanece aberto. Sabe-se que esses povos deixaram marcas e pigmentações, mas se eram realmente expressões simbólicas ou apenas funcionais, ainda não está claro.
O que essa descoberta representa para a ciência?
Portanto, essa impressão digital não é apenas um vestígio antigo; é um convite para repensar a complexidade dos neandertais. Cabe ressaltar que o achado se soma a outras evidências de que esses hominídeos tinham uma vida cultural muito mais rica do que se supunha. Sendo assim, novos estudos poderão revelar ainda mais sobre as capacidades cognitivas desses nossos ancestrais próximos.
Desse jeito, o passado humano continua nos surpreendendo, mostrando que a arte e o simbolismo podem ter origens mais antigas e diversas do que imaginamos.