A história da Eurásia não é contada apenas pelos humanos, os cães desempenharam um papel silencioso, mas central, nas transformações sociais e culturais do continente. Estudos recentes de paleogenômica mostram que, há mais de 11.000 anos, cães acompanharam humanos em migrações, adaptando-se a diferentes modos de vida e ambientes, desde regiões árticas até as estepes da Ásia Central.
Pesquisadores da Universidade Ludwig Maximilian de Munique (LMU), Queen Mary University of London (QMUL) e outras instituições internacionais analisaram 17 genomas de cães antigos, abrangendo Sibéria, Ásia Oriental e estepes da Ásia Central, incluindo pela primeira vez espécimes da China.
- Cães seguiram caçadores-coletores do norte da Eurásia há mais de 11.000 anos;
- Durante a Idade do Bronze, cães acompanharam povos metalúrgicos na China;
- Evidência de co-migração entre humanos e cães em diversas regiões;
- Genomas antigos mostram semelhança entre padrões genéticos humanos e caninos;
- Parceria entre espécies persiste mesmo em mudanças culturais drásticas.
Cães como registros vivos da história humana
A análise genética revela que alterações culturais significativas coincidem com mudanças nas populações caninas. Por exemplo, os cães da Sibéria ancestral têm ligação genética com os atuais Huskies Siberianos, evidenciando que caçadores-coletores mantinham linhagens específicas de cães. Durante a Idade do Bronze Inicial na China, cães migraram com metalúrgicos, mostrando que eles eram parte integrante da vida cotidiana e da economia local.

Esses dados indicam que cães não eram meramente animais de estimação: eles funcionavam como companheiros estratégicos, ajudando em caça, transporte, proteção e até mesmo na manutenção da identidade cultural das populações humanas.
Parceria cultural duradoura
O estudo publicado na revista Science confirma que a relação entre humanos e cães é muito mais profunda e complexa do que simples domesticação. Cães seguiram e moldaram sociedades humanas, refletindo uma verdadeira coevolução cultural e genética. Essa ligação atravessa milênios e diversas regiões, desde os ambientes árticos frios até os centros urbanos antigos da China.
Portanto, o exame de genomas antigos revela que os cães foram protagonistas discretos, porém essenciais, na história da Eurásia. Eles não apenas acompanharam os humanos, mas ajudaram a sustentar modos de vida, preservar culturas e influenciar a expansão populacional. Estudos como este ressaltam a importância de considerar os cães como aliados históricos, cuja presença moldou a trajetória da civilização humana.

