Groenlândia se desloca e diminui por efeitos do aquecimento global

Derretimento acelerado faz Groenlândia perder área e se deslocar (Imagem: Getty Images/ Canva Pro)
Derretimento acelerado faz Groenlândia perder área e se deslocar (Imagem: Getty Images/ Canva Pro)

A Groenlândia, maior ilha do planeta, vem passando por mudanças significativas em seu tamanho e forma devido ao derretimento acelerado das camadas de gelo. Com mais de 2,1 milhões de km², sendo 1,7 milhão cobertos por gelo, a ilha sofre alterações geofísicas que afetam sua topografia e sua posição sobre o leito rochoso. Um estudo publicado na Journal of Geophysical Research detalha como essas mudanças têm remodelado a Groenlândia, que se desloca cerca de dois centímetros para o noroeste a cada ano, enquanto se expande e se contrai horizontalmente.

Entre os fatores que contribuem para essas alterações, destacam-se:

  • Derretimento acelerado do gelo, que reduz a pressão no subsolo;
  • Movimentos tectônicos influenciados pelo recuo das massas de gelo;
  • Elevação e compressão de áreas do leito rochoso devido à redistribuição de massa;
  • Uso de estações GNSS para medir deslocamentos e deformações milenares;
  • Impactos no nível do mar, já que a água proveniente do gelo derretido é liberada nos oceanos.

O papel do gelo e os efeitos no leito rochoso

Estudo mostra como gelo derretido altera geografia da Groenlândia (Imagem: Getty Images/ Canva Pro)
Estudo mostra como gelo derretido altera geografia da Groenlândia (Imagem: Getty Images/ Canva Pro)

As camadas de gelo da Groenlândia armazenam quantidade significativa de água doce, equivalente a cerca de dois terços das reservas globais. Conforme essas massas derretem, a ilha é comprimida e esticada, resultando em movimentos complexos no terreno. Estudos recentes mostram que o derretimento atual é 17 vezes mais rápido que a média histórica, e que o leito rochoso ainda responde a mudanças que começaram após o pico da última Era Glacial, há 20 mil anos.

Consequências climáticas e geofísicas

Além de reduzir a área da ilha, o derretimento impacta diretamente o nível global do mar. A Groenlândia perde aproximadamente 266 bilhões de toneladas de gelo por ano, enquanto a Antártida registra perda de 135 bilhões de toneladas anuais. Esses processos refletem o aquecimento da atmosfera e dos oceanos, destacando a vulnerabilidade do Ártico às mudanças climáticas.

Com medições precisas de 58 estações GNSS, cientistas conseguiram mapear movimentos horizontais e verticais milenares, identificando regiões que estão sendo esticadas ou encolhidas. Além da relevância para a geociência, essas informações são essenciais para levantamento topográfico, navegação e previsão de impactos futuros causados pelo derretimento do gelo.

Leandro Sinis é biólogo, formado pela UFRJ, e atua como divulgador científico. Apaixonado por ciência e educação, busca tornar o conhecimento acessível de forma clara e responsável.