A Groenlândia, maior ilha do planeta, vem passando por mudanças significativas em seu tamanho e forma devido ao derretimento acelerado das camadas de gelo. Com mais de 2,1 milhões de km², sendo 1,7 milhão cobertos por gelo, a ilha sofre alterações geofísicas que afetam sua topografia e sua posição sobre o leito rochoso. Um estudo publicado na Journal of Geophysical Research detalha como essas mudanças têm remodelado a Groenlândia, que se desloca cerca de dois centímetros para o noroeste a cada ano, enquanto se expande e se contrai horizontalmente.
Entre os fatores que contribuem para essas alterações, destacam-se:
- Derretimento acelerado do gelo, que reduz a pressão no subsolo;
- Movimentos tectônicos influenciados pelo recuo das massas de gelo;
- Elevação e compressão de áreas do leito rochoso devido à redistribuição de massa;
- Uso de estações GNSS para medir deslocamentos e deformações milenares;
- Impactos no nível do mar, já que a água proveniente do gelo derretido é liberada nos oceanos.
O papel do gelo e os efeitos no leito rochoso

As camadas de gelo da Groenlândia armazenam quantidade significativa de água doce, equivalente a cerca de dois terços das reservas globais. Conforme essas massas derretem, a ilha é comprimida e esticada, resultando em movimentos complexos no terreno. Estudos recentes mostram que o derretimento atual é 17 vezes mais rápido que a média histórica, e que o leito rochoso ainda responde a mudanças que começaram após o pico da última Era Glacial, há 20 mil anos.
Consequências climáticas e geofísicas
Além de reduzir a área da ilha, o derretimento impacta diretamente o nível global do mar. A Groenlândia perde aproximadamente 266 bilhões de toneladas de gelo por ano, enquanto a Antártida registra perda de 135 bilhões de toneladas anuais. Esses processos refletem o aquecimento da atmosfera e dos oceanos, destacando a vulnerabilidade do Ártico às mudanças climáticas.
Com medições precisas de 58 estações GNSS, cientistas conseguiram mapear movimentos horizontais e verticais milenares, identificando regiões que estão sendo esticadas ou encolhidas. Além da relevância para a geociência, essas informações são essenciais para levantamento topográfico, navegação e previsão de impactos futuros causados pelo derretimento do gelo.


 
							 
							 
							