As focas comuns (Phoca vitulina) possuem uma habilidade impressionante de detectar a direção de fuga dos peixes por meio de seus bigodes altamente sensíveis. Pesquisas publicadas no Journal of Experimental Biology por Yvonne Krüger, Wolf Hanke, Lars Miersch e Guido Dehnhardt demonstram que esses animais conseguem perceber diferenças mínimas em anéis de vórtice gerados pelos jatos de água dos peixes em fuga, permitindo que antecipem seus movimentos e aumentem a eficiência na captura.
Durante a fuga, os peixes liberam múltiplos jatos que formam anéis de vórtice giratórios, semelhantes a anéis de fumaça, com tamanhos variados e direções divergentes. Essa estratégia confunde predadores, mas as focas são capazes de perceber essas nuances devido à sensibilidade de seus bigodes.
Principais descobertas do estudo:
- Detecção de diferenças mínimas: as focas identificam variações em vórtices de apenas 17,6 mm;
- Reconhecimento da direção do peixe: os bigodes ajudam a distinguir o anel maior, que indica a trajetória real;
- Treinamento experimental: uma foca chamada Filou foi treinada para diferenciar vórtices com olhos vendados;
- Precisão acima de 80%: mesmo com pequenas diferenças de tamanho, as escolhas da foca eram corretas;
- Adaptação evolutiva: essa habilidade aumenta a eficácia na caça e o sucesso alimentar.
Como os bigodes detectam os vórtices

Os bigodes das focas, também conhecidos como vibrissas, são estruturas extremamente sensíveis que detectam mudanças na pressão e no movimento da água. Durante a fuga de um peixe, os anéis de vórtice criados por seus jatos de água geram diferenças sutis que podem confundir outros predadores. No entanto, as focas utilizam seus bigodes para:
- Sentir a velocidade e direção da água;
- Diferenciar vórtices de tamanhos distintos, mesmo quando separados por milímetros;
- Tomar decisões rápidas sobre qual direção perseguir.
Implicações para a biologia marinha
Essa descoberta revela que as focas possuem um sistema de detecção mecânica sofisticado, essencial para caçar em ambientes aquáticos complexos. Além disso, evidencia como adaptações sensoriais evoluíram para superar estratégias de evasão de presas. O estudo também reforça a importância dos bigodes sensíveis na sobrevivência de mamíferos marinhos, destacando uma conexão entre comportamento de caça e percepção tátil aguçada.
Em resumo, os bigodes das focas não são apenas órgãos sensoriais; são ferramentas cruciais para interpretar anéis de vórtice gerados por peixes em fuga, permitindo que esses predadores marinhos reajam com precisão e eficiência em um ambiente aquático dinâmico.