Flashes de luz podem revelar inteligência extraterrestre, revela estudo inédito

SETI investiga sinais inspirados em vaga-lumes para achar ETs (Imagem: Fala Ciência via Gemini)
SETI investiga sinais inspirados em vaga-lumes para achar ETs (Imagem: Fala Ciência via Gemini)

Durante décadas, a Busca por Inteligência Extraterrestre (SETI) se concentrou em sinais de rádio como principais indicadores de civilizações avançadas. Entretanto, nossas próprias tecnologias evoluíram, e sinais de rádio deixaram de ser onipresentes na Terra. Essa mudança levanta a questão: será que civilizações alienígenas poderiam se comunicar de maneiras que nem imaginamos, usando padrões complexos e otimizações naturais, semelhantes aos flashes de vaga-lumes?

Pesquisadores da Universidade Estadual do Arizona e colaboradores de diversos centros internacionais propõem uma abordagem inovadora, sugerindo que a comunicação não humana na Terra pode servir como guia para identificar sinais de vida extraterrestre

A abordagem tradicional do SETI enfrenta dois desafios principais: apresenta um viés antropocêntrico, já que busca tecnologias que refletem nosso próprio estágio de desenvolvimento, como as transmissões de rádio, e conta com uma definição limitada de inteligência, pois muitas pesquisas não levam em consideração a diversidade de formas de comunicação existentes na natureza. Para superar essas limitações, o estudo propõe:

  • Analisar padrões de comunicação evoluídos em espécies não humanas;
  • Utilizar modelos de sinais de vaga-lumes, que se destacam do fundo ambiental para transmitir informação de maneira eficiente;
  • Aplicar conceitos de otimização energética e distinção de ruído em sinais artificiais para simular tecnoassinaturas.

Modelando sinais extraterrestres inspirados na natureza

Novas estratégias ampliam busca por vida inteligente no universo (Imagem: Getty Images/ Canva Pro)
Novas estratégias ampliam busca por vida inteligente no universo (Imagem: Getty Images/ Canva Pro)

O estudo utilizou um modelo de pulsares, observando 158 fontes localizadas a cerca de 16.300 anos-luz da Terra, e adicionou sinais artificiais modulados com base em padrões de flash e consumo energético. Entre as principais descobertas, verificou-se que sinais simples podem ser identificáveis sem a necessidade de decifrar seu significado, enquanto a estrutura inerente do sinal é suficiente para indicar a presença de vida inteligente

Além disso, a energia otimizada e a distinção clara em relação ao fundo aumentam a detectabilidade, inspiradas nas estratégias evolutivas dos vaga-lumes. Essa abordagem amplia o SETI para além de um viés humano, considerando a totalidade da biosfera terrestre como fonte de inspiração para identificar vida e inteligência alienígena.

Impacto e futuro da busca por tecnoassinaturas

Com os avanços em instrumentação astronômica e análise de sinais, o SETI pode explorar novas frentes, incluindo comunicações quânticas e por energia direcionada, sinais de neutrinos ou ondas gravitacionais e até efeitos indiretos de propulsão em exoplanetas

Além disso, a integração da bioacústica digital e da comunicação animal às pesquisas promete manter o SETI empiricamente fundamentado, ampliando significativamente nossas chances de reconhecer formas de vida e inteligência que sejam muito diferentes das humanas.

Leandro Sinis é biólogo, formado pela UFRJ, e atua como divulgador científico. Apaixonado por ciência e educação, busca tornar o conhecimento acessível de forma clara e responsável.