Estudo revela efeitos do ruído urbano sobre aves nativas australianas

Ruído urbano prejudica comunicação e defesa territorial de aves raras (Imagem: Getty Images/ Canva Pro)
Ruído urbano prejudica comunicação e defesa territorial de aves raras (Imagem: Getty Images/ Canva Pro)

A sobrevivência das aves nativas do sul da Austrália enfrenta desafios crescentes devido a atividades humanas. Além da agricultura intensiva, desmatamento e predação por animais selvagens, o ruído do trânsito agora se soma como uma pressão significativa sobre espécies ameaçadas, como o wren-emu-do-sul (Stipiturus malachurus). Pesquisas recentes publicadas na revista Ibis indicam que barulhos antropogênicos afetam a comunicação, defesa territorial e comportamento de acasalamento dessas aves canoras.

Os estudos realizados no sul da Austrália, abrangendo áreas desde as cordilheiras Mount Lofty até a Ilha Kangaroo, demonstram que:

  • Exposição ao ruído de tráfego altera respostas de defesa territorial;
  • Subespécies de wren-emu-do-sul apresentam mudanças significativas na sinalização;
  • A capacidade de se comunicar durante o acasalamento é reduzida, prejudicando a reprodução.

Impactos adicionais do uso intensivo da terra

Trânsito e perda de habitat ameaçam wren-emu-do-sul no sul da Austrália (Imagem: Getty Images/ Canva Pro)
Trânsito e perda de habitat ameaçam wren-emu-do-sul no sul da Austrália (Imagem: Getty Images/ Canva Pro)

O uso intensivo do solo, combinado com as mudanças climáticas, também ameaça a abundância e diversidade de invertebrados, essenciais para a alimentação das aves. Estudos em Ilhas Galápagos mostram:

  • Redução de 50% na abundância de invertebrados em áreas agrícolas;
  • Diminuição de 27% na diversidade de espécies em locais modificados pelo homem;
  • Áreas protegidas apresentam maior riqueza de insetos, aranhas e vermes, essenciais à dieta das aves.

Além disso, pesquisas de longa data em Galápagos indicam que ilhas remotas são pontos críticos de biodiversidade, mas também registram altos índices de extinção devido a espécies invasoras, doenças e parasitas.

Conservação e restauração ambiental

Os dados coletados ajudam a:

  • Definir prioridades de conservação em habitats ameaçados;
  • Avaliar a eficácia da restauração ecológica, incluindo reintrodução de espécies e erradicação de invasoras;
  • Comparar diferenças entre áreas agrícolas e parques nacionais, orientando estratégias futuras.

A combinação de ruído urbano, perda de habitat e pressão sobre fontes de alimento evidencia a necessidade urgente de ações de conservação para garantir a sobrevivência de aves raras como o wren-emu-do-sul e outros pássaros canoros ameaçados.

Leandro Sinis é biólogo, formado pela UFRJ, e atua como divulgador científico. Apaixonado por ciência e educação, busca tornar o conhecimento acessível de forma clara e responsável.