A pesca recreativa de tubarões tem crescido na Europa, especialmente nas águas do Reino Unido, mas a sobrevivência dos animais após a soltura ainda levanta questões. Um estudo recente publicado no ICES Journal of Marine Science (2025) investigou como diferentes espécies de tubarões, incluindo tubarão-azul, tubarão-sardo e tubarão-tope, reagem após a captura e soltura. A pesquisa mostrou que, quando as melhores práticas de pesca são seguidas, a grande maioria desses tubarões sobrevive ao procedimento, contribuindo para a conservação de espécies ameaçadas.
Principais resultados do estudo:
- Menos de 5% dos tubarões monitorados morreram após captura e soltura;
- Etiquetas de monitoramento confirmaram vida e movimentos por até 45 dias;
- A maioria dos tubarões retornou rapidamente a águas profundas para reoxigenar;
- Alguns indivíduos, especialmente tubarões-porco, demoraram mais para se recuperar;
- O estudo reforça a necessidade de seguir boas práticas de manuseio.
Como os tubarões reagem à captura
O estudo utilizou marcação com etiquetas de rastreamento para monitorar quase 70 tubarões capturados em pescarias recreativas. Essas etiquetas permitiram acompanhar profundidade e comportamento após a soltura, revelando que a maioria dos animais nadou rapidamente para águas mais profundas logo após a captura, provavelmente para recuperar energia e reoxigenar as brânquias.

As análises mostraram variações de comportamento entre espécies, mas, de forma geral, todos os tubarões se recuperaram em até 24 horas. O monitoramento detalhado destacou ainda a importância de soltar os animais com segurança, evitando ferimentos adicionais e mantendo a integridade física dos indivíduos.
O papel da captura e soltura na conservação
A pesca moderna de tubarões no Reino Unido e em grande parte da Europa é quase exclusivamente de captura e soltura. No entanto, práticas incorretas ainda podem reduzir as chances de sobrevivência. Este estudo fornece evidências claras de que seguir diretrizes de manuseio seguro garante resultados positivos e é uma ferramenta valiosa na preservação de espécies ameaçadas.
É importante lembrar que algumas espécies têm status crítico:
- Tubarão-sardo: criticamente em perigo (IUCN);
- Tubarão-tope: vulnerável;
- Tubarão-azul: quase ameaçado.
Portanto, a adoção de boas práticas de pesca não é apenas ética, mas também fundamental para a conservação marinha.
Colaboração e monitoramento contínuo
A pesquisa envolveu parcerias entre universidades e organizações ambientais, incluindo a Universidade de Exeter, Universidade Edinburgh Napier, Shark Hub UK e Shark Trust, além da colaboração de pescadores e capitães locais. O uso de tecnologia de rastreamento permite análises mais detalhadas sobre como tubarões se comportam após a captura, oferecendo dados importantes para orientar políticas de pesca sustentável.

