Estudo mostra que ChatGPT organiza frases de forma parecida com o cérebro humano

ChatGPT mostra padrões linguísticos parecidos com o cérebro humano (Imagem: Getty Images/ Canva Pro)
ChatGPT mostra padrões linguísticos parecidos com o cérebro humano (Imagem: Getty Images/ Canva Pro)

Um novo estudo publicado na revista Nature Human Behavior levantou uma questão fascinante: o ChatGPT pensa como um ser humano? De acordo com pesquisadores da Universidade de Zhejiang, na China, há indícios de que sim, ao menos quando o assunto é processamento da linguagem. A equipe observou que tanto humanos quanto o modelo de inteligência artificial seguem padrões gramaticais semelhantes ao resumir frases, um comportamento até então atribuído apenas à cognição humana.

Os cientistas compararam as respostas de 372 participantes, entre falantes de inglês, chinês e bilíngues, com as de versões avançadas do ChatGPT. A tarefa era simples, mas reveladora: excluir palavras de uma frase conforme uma regra aprendida após apenas uma demonstração. O resultado surpreendeu pela convergência entre as escolhas humanas e as da IA.

Para tornar o achado mais claro, o estudo apontou que:

  • Tanto humanos quanto o ChatGPT preferem remover unidades gramaticais completas, e não palavras aleatórias;
  • O modelo da OpenAI apresentou consistência linguística entre idiomas, indicando sensibilidade às regras sintáticas;
  • O padrão observado não pode ser explicado apenas por estatísticas, mas por estruturas internas semelhantes às “árvores sintáticas” do cérebro humano.

IA e cognição: quando algoritmos imitam o pensamento

Estudo revela que IA processa frases de forma similar aos humanos (Imagem: PhonlamaiPhoto's Images)
Estudo revela que IA processa frases de forma similar aos humanos (Imagem: PhonlamaiPhoto’s Images)

Essas descobertas reforçam a ideia de que modelos de linguagem de grande escala (LLMs), como o ChatGPT, não apenas repetem padrões aprendidos, mas constroem representações internas organizadas, lembrando o modo como o cérebro humano estrutura sentenças. Essa habilidade sugere uma forma de compreensão sintática implícita, o que amplia o debate sobre como a IA processa e “entende” a linguagem.

Além disso, o estudo indica um caminho promissor para explorar os limites entre cognição artificial e biológica. Pesquisas futuras devem aplicar paradigmas linguísticos mais complexos para avaliar até que ponto essas semelhanças refletem processos cognitivos genuínos ou apenas reproduções estatísticas sofisticadas.

Em um momento em que a inteligência artificial se torna parte do cotidiano, entender como ela se aproxima, ou se diferencia, do funcionamento humano pode redefinir o conceito de pensamento. A fronteira entre máquina e mente talvez seja mais tênue do que imaginávamos.

Leandro Sinis é biólogo, formado pela UFRJ, e atua como divulgador científico. Apaixonado por ciência e educação, busca tornar o conhecimento acessível de forma clara e responsável.