A presença de micro e nanoplásticos no ambiente tornou-se uma ameaça ubíqua e silenciosa. Um estudo recente conduzido por pesquisadores de universidades brasileiras revelou que essas partículas estão na água, no ar e em alimentos, podendo entrar no organismo humano de diversas formas. Embora os efeitos à saúde ainda estejam sendo estudados, a onipresença dessas partículas já está comprovada.
A pesquisa analisou 140 estudos internacionais e nacionais, mostrando que microplásticos derivam da degradação de plásticos maiores, que não são biodegradáveis. Estes se fragmentam em micropartículas e depois em nanopartículas, que se acumulam na natureza e na cadeia alimentar.
Principais fontes de contaminação por micro e nanoplásticos:
- Água potável e engarrafada;
- Alimentos como açúcar, sal, mel e frutos do mar;
- Peixes e mariscos que transferem partículas aos predadores;
- Ar inalado e exposição dérmica.
Como os microplásticos entram e se acumulam no corpo

Estima-se que um ser humano consuma entre 39 mil e 52 mil microplásticos por ano, podendo chegar a 121 mil se considerada a inalação. Em pessoas que consomem apenas água engarrafada, esse número pode aumentar ainda mais. Uma vez no organismo, essas partículas podem:
- Depositar-se nos pulmões e boca;
- Alcançar a corrente sanguínea;
- Acumular-se em diversos tecidos e órgãos;
- Chegar até a placenta e cordão umbilical, afetando fetos.
Embora os impactos clínicos ainda estejam sendo estabelecidos, estudos preliminares já indicam a presença de microplásticos em coágulos arteriais, sugerindo possíveis efeitos sobre infecções e formação de coágulos.
Medidas urgentes para mitigação
Para reduzir a exposição, especialistas recomendam ações combinadas:
- Ampliar a reciclagem de plásticos e reduzir descartes;
- Implementar políticas públicas e tratados internacionais contra poluição plástica;
- Incentivar ações individuais e responsabilidade das indústrias;
- Desenvolver pesquisas que estabeleçam relação de causa e efeito com a saúde humana.
O estudo destaca que quase todos os plásticos são produzidos a partir de petróleo e estão presentes não apenas em embalagens, mas também em pneus, roupas e outros produtos, além dos aditivos químicos adicionados durante a fabricação.
A pesquisa reforça a necessidade de medidas globais e locais para conter a poluição plástica, proteger ecossistemas e prevenir impactos potenciais à saúde humana em curto e longo prazo.