Lampreias, peixes sem mandíbulas que hoje se alimentam de sangue e tecidos de outros animais, têm uma história evolutiva mais impressionante do que se imaginava. Novos fósseis descobertos na China, datados de cerca de 160 milhões de anos, revelam espécies gigantescas de lampreias pré-históricas, equipadas com ventosas e dentes afiados para rasgar a carne de suas presas. Essa descoberta ajuda a reconstruir a trajetória evolutiva desses parasitas escorregadios e mostra quando eles se tornaram predadores ativos.
Os fósseis preservam detalhes extraordinários da anatomia desses animais, desde a boca em forma de ventosa até as caudas. A maior espécie, Yanliaomyzon occisor, tinha mais de 60 cm de comprimento, tornando-se a maior lampreia fóssil conhecida, com dentes e estruturas especializadas que permitiam arrancar pedaços de carne e até ossos de peixes menores.
Aspectos fascinantes da descoberta:
– Ventosas bucais com dentes afiados, capazes de rasgar carne;
– Estrutura cartilaginosa especializada, similar à lampreia-bolsa moderna;
– Indícios de alimentação ativa, incluindo fragmentos de presas no intestino;
– Barbatanas longas para natação eficiente em correntes de água;
– Demonstração de ciclo de vida com migração de água doce para o mar.
Uma mordida pré-histórica

Antes dessa descoberta, fósseis de lampreias antigas eram raros e pouco informativos. Essas novas espécies mostram que, no período jurássico, as lampreias já possuíam aparatos bucais complexos, adaptados à predação ativa.
Enquanto as primeiras lampreias provavelmente se alimentavam de presas pequenas ou algas, essas novas espécies evoluíram para aproveitar o surgimento de peixes ósseos com escamas finas, criando um nicho predatório inovador.
Evolução de parasitas modernos
Os fósseis sugerem que as lampreias carnívoras ancestrais deram origem aos parasitas atuais. A capacidade de arrancar carne pode ter impulsionado o aumento de tamanho observado, permitindo que essas lampreias antigas competissem por peixes maiores e mais abundantes. Estruturas como a cartilagem pistão indicam movimentos precisos da língua para perfuração e sucção de carne, habilidades que persistem nas espécies modernas.
A descoberta amplia significativamente o registro fóssil das lampreias, antes limitado a fragmentos isolados. Agora, é possível entender melhor como essas criaturas sobreviveram e evoluíram por centenas de milhões de anos, adaptando-se a diferentes presas e ambientes aquáticos. Futuros achados fósseis poderão revelar ainda mais sobre a transição de lampreias pequenas para predadores ativos do período jurássico.