Embalagens biodegradáveis: vantagens, limites e opções sustentáveis

Embalagens biodegradáveis

Você já parou para pensar no destino das embalagens que usamos diariamente? Muitas delas acabam demorando séculos para se decompor e causam impactos severos no meio ambiente. Embalagens biodegradáveis surgem como uma alternativa promissora para minimizar esses efeitos, mas será que elas são a solução definitiva?

Neste artigo do Fala Ciência, você vai entender o que são essas embalagens, os benefícios e as limitações de cada tipo, além de conhecer as principais opções disponíveis no mercado.

O que realmente significa ser biodegradável?

Uma embalagem é chamada de biodegradável quando sua decomposição ocorre naturalmente graças à ação de microrganismos, como algas, fungos e bactérias. Esses seres vivos transformam o material em biomassa, dióxido de carbono e água, acelerando o retorno do produto à natureza.

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Vale destacar que uma das maiores vantagens das embalagens biodegradáveis é a redução do tempo em que elas permanecem no ambiente, diminuindo impactos negativos como o sufocamento de animais e a contaminação por disruptores endócrinos. Além disso, essas embalagens ajudam a evitar a entrada de resíduos plásticos na cadeia alimentar, o que representa um benefício enorme para a saúde dos ecossistemas.

Os principais tipos de embalagens biodegradáveis

Plástico PLA

Embalagens biodegradáveis
Embalagens biodegradáveis

O plástico PLA, ou plástico de poliácido láctico, é produzido a partir da fermentação de vegetais ricos em amido, como milho, mandioca e beterraba. Ele é biodegradável, reciclável mecânica e quimicamente, além de ser biocompatível e bioabsorvível. Isso significa que, quando descartado corretamente, transforma-se em substâncias inofensivas.

Cabe ressaltar que o PLA pode ser usado em embalagens alimentícias, cosméticas e diversos outros produtos, e se pequenas quantidades dele forem ingeridas, não oferecem riscos à saúde, pois são convertidas em ácido lático, uma substância natural do corpo.

Porém, para que o PLA se degrade adequadamente, ele precisa ser descartado em usinas de compostagem, que oferecem condições ideais de temperatura, luz, umidade e microrganismos.

Isso porque no Brasil, infelizmente, grande parte do material acaba em aterros sanitários e lixões, ambientes onde a degradação ocorre de forma anaeróbia, gerando metano, um potente gás do efeito estufa. Além disso, o custo de produção do PLA é alto, tornando o produto mais caro que as embalagens convencionais.

Embalagens de bioplásticos: PHA e PHB

Embalagens biodegradáveis
Embalagens biodegradáveis

O plástico PHA é um material natural produzido por bactérias em condições específicas, que imitam a estrutura do plástico convencional, mas com a vantagem de ser biodegradável e biocompatível. Sendo assim, ele é usado desde embalagens sustentáveis até implantes médicos, por sua bioatividade.

Desse jeito, a produção do PHA é custosa, porque requer manter microrganismos vivos em condições controladas. Uma alternativa mais acessível é o PHB, que utiliza matérias-primas renováveis e baratas para alimentar as bactérias.

Com isso, pesquisas têm identificado polímeros na lignina, uma substância das paredes celulares das plantas, que podem ajudar a aumentar a produção desses plásticos biodegradáveis, apesar das dificuldades técnicas, como a necessidade de catalisadores e grande quantidade de reagentes.

Embalagens de milho e bactérias

Pesquisas do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) indicam que é possível produzir plástico orgânico biodegradável a partir da biossíntese de carboidratos da cana-de-açúcar, milho e óleos vegetais.

Isso porque essas embalagens são biocompatíveis e não causam reações tóxicas. Por isso, não são indicadas para embalagens alimentícias, pois podem contaminar os alimentos. Outra questão importante é que esse material costuma ser 40% mais caro que embalagens convencionais.

Embalagem de cogumelo

Embalagens biodegradáveis
Embalagens biodegradáveis

A Ecovative, empresa de design, criou embalagens biodegradáveis feitas a partir de raízes de cogumelos cultivadas em folhas mortas e húmus. O material é flexível, durável e até comestível (mas não recomendado para consumo).

Cabe ressaltar que o alto custo de produção e a competição pelo uso de recursos que poderiam alimentar pessoas tornam essa tecnologia controversa, principalmente num cenário global de fome.

Mais alternativas que fazem a diferença

Além das opções acima, vale destacar embalagens feitas de plástico derivado do leite, desenvolvidas pelo USDA, que protegem alimentos da oxidação e podem ser dissolvidas em água quente, e embalagens de fibra de coco, que são sustentáveis, biodegradáveis e feitas a partir de matéria-prima nacional.

Também as embalagens de papel reciclado contribuem para a sustentabilidade, aumentando o tempo de vida dos produtos e economizando energia, embora percam qualidade a cada reciclagem.

Por que as embalagens biodegradáveis ainda não dominam o mercado?

Portanto, apesar dos benefícios, existem desafios importantes para a ampla adoção das embalagens biodegradáveis, como o custo elevado, a infraestrutura inadequada para o descarte correto e questões técnicas na produção. Sendo assim, é fundamental que o consumidor esteja atento ao destino do material após o uso e que políticas públicas estimulem o manejo adequado e o investimento em novas tecnologias.

Dessa maneira, as embalagens biodegradáveis representam um avanço significativo para a redução dos impactos ambientais, mas para que cumpram seu papel, precisam ser usadas e descartadas com responsabilidade.

Leandro Sinis é biólogo, formado pela UFRJ, e atua como divulgador científico. Apaixonado por ciência e educação, busca tornar o conhecimento acessível de forma clara e responsável.

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