Dinossauros saurópodes menores conseguiam ficar em pé, aponta pesquisa

Um saurópode caminhando próximo a um lago raso (Crédito da imagem: Getty Images/ Canva Pro)
Um saurópode caminhando próximo a um lago raso (Crédito da imagem: Getty Images/ Canva Pro)

Você já imaginou dinossauros saurópodes apoiando-se nas patas traseiras como se fossem verdadeiros gigantes do passado? Um estudo recente publicado na revista Palaeontology revela que espécies como o brasileiro Uberabatitan ribeiroi e o argentino Neuquensaurus australis tinham a habilidade de se erguer com facilidade, desafiando antigas suposições sobre o comportamento desses animais pré-históricos. 

Essa descoberta permite compreender melhor como dinossauros menores do grupo dos saurópodes interagiam com o ambiente, alcançando folhas mais altas, afastando predadores ou até mesmo se exibindo durante rituais de acasalamento.

Resumo rápido do estudo:

  • Espécies analisadas: Uberabatitan ribeiroi (Brasil) e Neuquensaurus australis (Argentina);
  • Capacidade: conseguia se manter em pé sobre patas traseiras com mais facilidade;
  • Benefícios: alcançavam folhas altas, afastavam predadores e exibiam-se na reprodução;
  • Método: análise de elementos finitos (AEF) aplicada aos fêmures digitais;
  • Idade do estudo: data do Cretáceo Superior, cerca de 66 milhões de anos atrás.

Pesquisadores criaram modelos digitais dos fêmures desses dinossauros

Para chegar a essas conclusões, os cientistas usaram uma técnica da engenharia conhecida como análise de elementos finitos (AEF). Esse método permite avaliar o estresse nos ossos, simulando diferentes cenários de movimento. Os pesquisadores:

  • Criaram modelos digitais dos fêmures de sete espécies de saurópodes;
  • Simularam o peso do corpo sobre as patas traseiras;
  • Testaram a força dos músculos em situações de equilíbrio e movimento.

Os resultados foram claros: Uberabatitan e Neuquensaurus possuíam fêmures mais robustos, capazes de suportar esforços por mais tempo. Em contrapartida, os maiores saurópodes, mesmo com músculos volumosos, enfrentavam mais dificuldade para se erguer e provavelmente utilizavam essa postura em momentos específicos.

Implicações evolutivas e comportamentais

Um saurópode gigante ao lado de uma árvore (Crédito da imagem: Getty Images/ Canva Pro)
Um saurópode gigante ao lado de uma árvore (Crédito da imagem: Getty Images/ Canva Pro)

Além da biomecânica, os achados oferecem pistas sobre o comportamento social e alimentar desses dinossauros:

  • Alcance de folhagem alta: conseguia se alimentar de árvores que outros saurópodes não alcançavam;
  • Defesa contra predadores: manter-se em pé poderia intimidar inimigos;
  • Rituais de acasalamento: postura vertical possivelmente usada para exibição.

Os pesquisadores também alertam que a simulação não considerou cartilagens nem apoio da cauda, elementos que poderiam alterar a capacidade de sustentação. Ainda assim, a comparação entre espécies fornece informações valiosas sobre a vida desses gigantes há 66 milhões de anos.

Jovens saurópodes eram capazes de se manter em pé com mais facilidade

Outro ponto interessante é que os jovens indivíduos apresentavam maior facilidade em se manter em pé, o que sugere que a habilidade evolutiva podia ser mais relevante durante a fase de crescimento, tanto para se alimentar quanto para sobreviver.

Essa pesquisa reforça a importância de integrar fósseis de diferentes países, como Brasil e Argentina, para reconstruir comportamentos e estratégias evolutivas de espécies pré-históricas.

Leandro Sinis é biólogo, formado pela UFRJ, e atua como divulgador científico. Apaixonado por ciência e educação, busca tornar o conhecimento acessível de forma clara e responsável.

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