Com o aumento da frequência e intensidade dos incêndios florestais, pesquisadores na Colúmbia Britânica estudam como os ecossistemas se recuperam após o fogo. Entre os protagonistas dessa restauração estão os fungos pirófilos, organismos que prosperam em ambientes recém-queimados e desempenham funções vitais na regeneração do solo. Assim que a umidade retorna com chuvas ou neve, esses fungos surgem, pintando o solo negro com cores vibrantes e preparando o terreno para o retorno da vegetação.
Benefícios dos fungos pirófilos incluem:
- Fixação do solo, prevenindo erosão;
- Decomposição de carvão e liberação de nutrientes;
- Melhoria da infiltração de água em solos hidrofóbicos;
- Digestão de poluentes químicos resistentes;
- Criação de um ambiente favorável para musgos e pequenas plantas.
Quem são os fungos que amam o fogo?
Os fungos pós-incêndio diferem dos cogumelos comuns. Muitos pertencem ao grupo Ascomycota, formando pequenas taças coloridas no solo. Espécies como Pyronema, Geopyxis e Peziza aparecem rapidamente em semanas, enquanto Neurospora surge e desaparece com igual rapidez. A diversidade de cores, do laranja neon ao roxo profundo, contrasta com o chão queimado, criando um espetáculo visual e funcional para o ecossistema.

Estudos recentes demonstram que essas espécies surgem de forma consistente em diferentes incêndios, independentemente do tipo de floresta ou região. Isso sugere que muitos fungos pirófilos permanecem dormentes no solo, aguardando o fogo para se desenvolver. Ao ativar suas hifas filamentosas, eles:
- Estabilizam o solo contra erosão;
- Reiniciam os ciclos de carbono e nutrientes;
- Preparam o terreno para novas plantas e árvores.
Esse padrão global reforça a ideia de que esses fungos são peças-chave na resiliência ecológica.
Onde encontrá-los e observá-los
Na Colúmbia Britânica, os fungos pirófilos podem ser encontrados logo após queimadas recentes, especialmente em áreas úmidas. Eles crescem entre musgos, hepáticas e pequenas plantas, formando pequenas taças quase microscópicas, frequentemente imperceptíveis a olho nu. Para os caçadores de morels, as áreas queimadas do último verão são ideais para a próxima primavera, revelando o ciclo natural da regeneração pós-fogo.
Apesar de essenciais, esses fungos são pequenos e raramente comestíveis, exceto espécies como a morel, que surge meses depois em áreas queimadas. A coleta de outros fungos pirófilos é pouco prática, exigindo cuidado e conhecimento específico. Além disso, o estudo de seu estado dormente no solo ainda é um desafio científico, com pesquisas buscando identificar bancos de esporos ocultos que persistem por décadas.

