A estrela Betelgeuse, uma das mais observadas e enigmáticas do céu, acaba de ganhar um novo personagem em sua história cósmica: uma estrela companheira até então invisível. Localizada na constelação de Órion e conhecida por seu brilho avermelhado, Betelgeuse sempre intrigou astrônomos com variações de luminosidade e comportamento fora do comum. Agora, a confirmação de um objeto estelar em sua órbita pode explicar fenômenos há décadas discutidos.
A detecção exigiu precisão extrema, pois Betelgeuse é milhares de vezes mais brilhante que sua companheira, dificultando qualquer observação direta. O momento ideal surgiu durante um raro alinhamento, permitindo o uso de tecnologias avançadas em raios X e espectroscopia para captar sinais sutis do novo astro. A partir dessa observação, surgiram implicações profundas para o estudo das estrelas massivas.
Principais revelações do achado:
• A companheira tem massa similar à do Sol;
• O ciclo de brilho de Betelgeuse pode ser influenciado por essa órbita;
• Modelos tradicionais de estrelas binárias são colocados em xeque;
• Sistemas com proporções extremas de massa podem ser mais comuns do que se pensava.
O papel da estrela companheira

Até então, as variações de brilho de Betelgeuse eram atribuídas a ejeções de gás e poeira. No entanto, a presença da companheira oferece um novo cenário: ao orbitar, esse objeto pode dispersar nuvens de poeira ao redor da supergigante, permitindo períodos em que Betelgeuse aparece mais luminosa da Terra. Essa interação abre caminho para revisar teorias sobre evolução estelar e dinâmica binária.
Um desafio à formação de binários
O que mais impressiona é a discrepância entre as massas. Enquanto Betelgeuse possui cerca de 16 massas solares, sua companheira mal equivale a uma.
Em sistemas binários clássicos, espera-se que ambas as estrelas se formem com massas semelhantes a partir da mesma nuvem primordial. Essa descoberta, portanto, sugere que processos alternativos, como captura gravitacional ou formação em estágios distintos, podem estar envolvidos.
Novas fronteiras na astrofísica
Esse achado, publicado no Astrophysical Journal, não apenas confirma uma hipótese antiga, mas inaugura um campo de investigação sobre sistemas binários extremos.
Com Betelgeuse próxima de sua fase final, possivelmente rumo a uma supernova, compreender essa interação pode fornecer dados inéditos sobre os estágios finais de estrelas gigantes. O universo, mais uma vez, mostra que até os astros mais familiares ainda guardam segredos.