Civilização maia chegou a 16 milhões de pessoas, diz novo estudo
Novo levantamento revela densidade populacional e complexa organização social das Terras Baixas Maias

Ilustração artística da civilização maia (Crédito da imagem: Canva Pro/ Gerada com IA)

Um novo estudo revela que a civilização maia atingiu números populacionais muito maiores do que se imaginava. Durante o Período Clássico Tardio (600 a 900 d.C.), a população maia pode ter chegado a 16 milhões de pessoas, o dobro da população atual de Nova York. Essa descoberta muda a visão sobre a complexidade social e a organização urbana dessa antiga civilização.

Os resultados foram obtidos a partir de tecnologia lidar, que permite mapear o solo e construções antigas com grande precisão. Com base nesses dados, pesquisadores revisaram estimativas anteriores e encontraram informações surpreendentes sobre a vida maia.

Descobertas-chave do estudo:

  • A população maia pode ter chegado a 16 milhões, muito acima das estimativas anteriores de 11 milhões;
  • Assentamentos rurais e urbanos estavam mais interconectados do que se pensava;
  • As Terras Baixas Maias eram densamente povoadas, incluindo partes da Guatemala, Belize e México;
  • Praças centrais controladas pela elite organizavam a vida cívica e religiosa;
  • A sociedade apresentava alta complexidade social e infraestrutura agrícola avançada.

Como os pesquisadores chegaram a essa conclusão

Visualização 3D das formas de relevo (pântanos [azul] e terras altas [marrom]) na CML, nas ROIs norte e sul (PLI); b) amostras com os respectivos percentuais (Crédito da imagem: F. Estrada-Belli)

A nova análise utilizou dados de lidar, uma técnica que dispara pulsos de laser do ar para mapear o solo e as ruínas de construções. A partir desses mapas, foi possível estimar a densidade populacional em regiões urbanas e rurais. O professor Francisco Estrada-Belli, principal autor do estudo, comentou:

“Esperávamos um aumento modesto nas estimativas populacionais a partir da nossa análise lidar de 2018, mas ver um aumento de 45% foi realmente surpreendente.”

Os pesquisadores mapearam 95.000 km² das Terras Baixas Maias, incluindo Petén (Guatemala), oeste de Belize e os estados mexicanos de Campeche e Quintana Roo.

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Assentamentos mais conectados e complexos

Mapa dos conjuntos de dados G-LiHT e Alianza Eredd na região norte do IUR, subdividido de leste a oeste, mostrando zonas de maior densidade (periurbana, urbana e núcleo urbano). As maiores áreas urbanas (>2 ha) estão indicadas em pontos azuis. Observa-se apenas uma grande área urbana a oeste e nenhuma na sub-região nordeste. (Crédito da imagem: F. Estrada-Belli)

Ao contrário de antigas hipóteses, os assentamentos rurais não eram isolados. O estudo mostrou:

  • Praças centrais controladas pela elite em áreas urbanas e rurais;
  • Áreas residenciais e campos agrícolas distribuídos em torno dessas praças;
  • Construções localizadas a menos de 5 km de uma praça, garantindo acesso a atividades cívicas e religiosas.

Esses padrões indicam que a sociedade maia era altamente estruturada e organizada, com interconexões significativas entre cidades e zonas rurais.

Implicações para a história e sustentabilidade

O aumento da população levanta questões sobre a queda da civilização maia entre 800 e 1000 d.C., pois uma população maior poderia ter intensificado conflitos políticos e pressões ambientais. Além disso, as Terras Baixas do norte se mostraram mais urbanizadas e densamente povoadas do que se imaginava, com infraestrutura agrícola avançada sob gestão da elite.

Hoje, cerca de 8 milhões de maias ainda vivem na Mesoamérica, preservando a cultura e os costumes dessa civilização histórica, segundo o Centro de Pesquisa Mesoamericana da Universidade da Califórnia.

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Leandro Sinis é biólogo, formado pela UFRJ, e atua como divulgador científico. Apaixonado por ciência e educação, busca tornar o conhecimento acessível de forma clara e responsável.

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