Em um avanço surpreendente, cientistas da Universidade de Nagoya, no Japão, conseguiram mudar o comportamento de ritual de acasalamento entre espécies diferentes de mosca-das-frutas. Pela primeira vez, um ritual de acasalamento foi modificado geneticamente, mostrando que um simples ajuste pode reprogramar o cérebro de um animal.
Esse feito só foi possível graças ao gene Fruitless (Fru), que funciona como uma chave para moldar conexões cerebrais. A pesquisa, que levou quase dez anos para ser concluída, revelou que o Fru controla comportamentos distintos em cada espécie.
Principais destaques da descoberta:
- Um único gene foi suficiente para mudar completamente um comportamento;
- O estudo envolveu duas espécies: Drosophila subobscura e D. melanogaster;
- Moscas que normalmente cantavam para atrair parceiras passaram a oferecer comida;
- O experimento reverteu, em parte, 35 milhões de anos de evolução;
- Os achados reforçam a ligação entre genética e comportamento social.
Como os cientistas “reprogramaram” o namoro das moscas

Na natureza, a D. melanogaster atrai fêmeas com um canto, enquanto a D. subobscura oferece alimento como presente. Ao manipular o gene Fru nos neurônios das moscas cantoras, os pesquisadores criaram novas conexões cerebrais, levando os machos a adotarem o ritual de oferecer comida, algo totalmente inédito para sua espécie.
O mais impressionante é que esse comportamento surgiu de forma automática, sem aprendizado ou imitação. Foi a própria “fiação neural” que mudou.
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O que isso nos ensina sobre evolução

Yusuke Hara explica que a emergência de novos comportamentos não exige a criação de neurônios inéditos. Em vez disso, pequenas alterações genéticas podem reorganizar conexões já existentes no cérebro, permitindo que comportamentos distintos surjam e ampliem a diversidade das espécies.
Essa descoberta sugere que comportamentos adormecidos podem estar guardados na genética, esperando apenas o gene certo para serem ativados.
Implicações e limites éticos
Embora o estudo tenha sido feito em moscas, que compartilham cerca de 60% dos genes com os humanos, os pesquisadores ressaltam que não há qualquer intenção de aplicar esse tipo de manipulação em pessoas.
O valor da descoberta está em mostrar que o DNA pode reconfigurar o cérebro de formas antes inimagináveis, abrindo novos caminhos para compreender tanto a evolução quanto os mecanismos do comportamento animal.
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