Cientistas congelam brotos de árvore rara para salvar espécie da extinção

Cientistas congelam brotos para salvar árvore rara da extinção (Crédito: Getty Images/ Canva Pro)
Cientistas congelam brotos para salvar árvore rara da extinção (Crédito: Getty Images/ Canva Pro)

A Austrália enfrenta um desafio urgente para a conservação ambiental: a murta-de-caule-angular (Gossia gonoclada), árvore nativa das florestas tropicais secas do país, está à beira da extinção. Com menos de 400 exemplares restantes, grande parte concentrada na região de Logan, os cientistas buscam métodos inovadores para preservar o DNA e garantir que a espécie possa ser reintroduzida caso desapareça da natureza.

Criopreservação como estratégia de resgate

Diante da ameaça de perda de habitat, mudanças climáticas e uma doença fúngica devastadora conhecida como ferrugem da murta, pesquisadores australianos desenvolveram uma técnica de criopreservação de brotos vegetais

O processo envolve o cultivo de brotos estéreis, colheita das pontas em crescimento ativo e congelamento em nitrogênio líquido a temperaturas ultrabaixas de aproximadamente -196 °C. Para proteger as células vegetais, são usadas soluções crioprotetoras, que impedem a formação de cristais de gelo prejudiciais, mantendo a água celular em estado vítreo.

Importância ecológica e cultural da murta-de-caule-angular

Brotos congelados garantem esperança para murta em risco (Crédito: Getty Images/ Canva Pro)
Brotos congelados garantem esperança para murta em risco (Crédito: Getty Images/ Canva Pro)

Além de seu valor científico, a murta-de-caule-angular desempenha um papel vital na estabilidade ecológica dos cursos d’água e serve de alimento para morcegos e aves. Sua preservação contribui para a biodiversidade local e pode ter significados culturais importantes. Por isso, conservar a diversidade genética restante é crucial para assegurar que a espécie continue cumprindo seu papel natural e possa resistir a futuras ameaças.

Sucesso em espécies próximas e desafios futuros

A técnica já apresentou resultados positivos em espécies relacionadas, como a murta-doce (Gossia fragrantissima), alcançando 100% de regeneração após congelamento dos brotos. Agora, o foco é adaptar o método à murta-de-caule-angular, garantindo que haja diversidade genética suficiente para formar uma população viável e saudável. 

A identificação de indivíduos mais resistentes a doenças e mudanças climáticas será essencial para potencializar o sucesso da preservação.

Criobancos são o futuro da conservação

O projeto evidencia a necessidade de bancos criogênicos para espécies ameaçadas, permitindo que plantas e alimentos importantes sejam armazenados para as gerações futuras. 

A criopreservação representa uma ferramenta valiosa para enfrentar o declínio acelerado de espécies e oferece esperança de reverter extinções antes que ocorram, reforçando a importância da ciência aplicada à conservação ambiental.

Leandro Sinis é biólogo, formado pela UFRJ, e atua como divulgador científico. Apaixonado por ciência e educação, busca tornar o conhecimento acessível de forma clara e responsável.

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