Buracos negros de massa intermediária podem estar vagando livremente pela nossa galáxia

Buracos negros de massa intermediária podem estar vagando livremente pela nossa galáxia

Você já imaginou que buracos negros desconhecidos podem estar cruzando a Via Láctea neste exato momento, sem que tenhamos a menor ideia?

Pois é exatamente isso que novas simulações sugerem: dezenas de buracos negros de massa intermediária (IMBHs) podem estar à solta, invisíveis aos nossos olhos e instrumentos. E entender esses objetos misteriosos pode ser a chave para decifrar um dos maiores enigmas da astrofísica.

Um tipo raro e quase invisível de buraco negro

A galáxia onde vivemos abriga milhões de pequenos buracos negros e um supermassivo em seu centro o famoso Sagitário A*, com impressionantes 4,5 milhões de vezes a massa do Sol. Mas e os intermediários? Onde estão?

Cientistas suspeitam há décadas que buracos negros com massas entre 10.000 e 100.000 sóis devem existir. Porém, detectá-los tem se mostrado uma missão quase impossível.

Além disso, a existência de IMBHs poderia ajudar a explicar por que vemos buracos negros tão massivos no início da história do universo. Por isso, encontrar esses objetos é essencial para entender como os buracos negros crescem e se formam.

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Canibalismo galáctico pode ser a chave do mistério

Vale destacar que galáxias não se formam sozinhas. Sendo assim, elas crescem engolindo galáxias menores um processo conhecido como canibalismo galáctico. Cabe ressaltar que a Via Láctea já absorveu mais de uma dúzia de galáxias anãs ao longo de sua história. E, segundo os cientistas, é muito provável que algumas dessas galáxias engolidas continham seus próprios buracos negros de massa intermediária.

Com isso, surge uma nova hipótese: em vez de se fundirem com o buraco negro central, alguns desses IMBHs teriam escapado da fusão e estariam “vagando” pelo disco da galáxia.

Simulações apontam para uma população errante

Em abril, uma equipe da Universidade de Zurique simulou a evolução de uma galáxia como a nossa e concluiu que entre cinco e 18 IMBHs errantes podem estar circulando livremente pela Via Láctea. O número depende de onde esses buracos negros nasceram, próximos ao núcleo ou nas bordas das galáxias anãs consumidas.

Dessa maneira, os pesquisadores oferecem um novo olhar sobre a estrutura galáctica. Isso porque, até agora, a comunidade científica considerava que esses objetos inevitavelmente migravam para o centro galáctico. Desse jeito, o estudo abre caminho para novas buscas e questionamentos.

Portanto, embora não saibamos ainda onde procurar esses buracos negros errantes nem qual sua massa exata, a nova pesquisa indica com força que eles existem e estão muito mais perto do que imaginamos.

Leandro Sinis é biólogo, formado pela UFRJ, e atua como divulgador científico. Apaixonado por ciência e educação, busca tornar o conhecimento acessível de forma clara e responsável.

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