Durante décadas, compreender como os planetas surgem a partir de poeira cósmica foi um dos maiores desafios da astronomia. Agora, uma equipe internacional de pesquisadores deu um passo importante nesse quebra-cabeça ao examinar com detalhes sem precedentes o entorno da estrela HD 34282, situada a cerca de 400 anos-luz da Terra.
O estudo, conduzido pela Universidade da Califórnia, Irvine, utilizou o método SPAM (Search for Protoplanets with Aperture Masking), que combina óptica adaptativa e imagens em infravermelho para revelar as regiões mais internas de discos de formação planetária, áreas até então inalcançáveis.
Essas observações revelaram um disco de poeira e gás repleto de padrões irregulares, possíveis marcas deixadas por planetas em gestação. Embora ainda não haja um protoplaneta confirmado, os resultados representam uma das investigações mais precisas já feitas sobre o início da vida de sistemas planetários.
Destaques da descoberta
- A estrela observada, HD 34282, é jovem e cercada por um espesso disco de transição;
- As imagens mostram estruturas internas e variações de brilho nunca vistas antes;
- O método SPAM permite enxergar detalhes a apenas algumas unidades astronômicas da estrela;
- As medições indicam possíveis zonas onde planetas podem estar se formando;
- Os dados oferecem novas estimativas sobre massa e taxa de acreção da estrela.
Tecnologia que enxerga o invisível

A chave para essa conquista está na câmera NIRC2, acoplada ao Observatório WM Keck, no Havaí. Esse equipamento utiliza óptica adaptativa para compensar as distorções da atmosfera terrestre, permitindo uma nitidez capaz de “ver” detalhes comparáveis à distância entre o Sol e Júpiter.
Com essa precisão, os cientistas conseguiram identificar variações sutis no brilho do disco, sugerindo a influência gravitacional de corpos que podem estar se formando. Essa abordagem, além de ultrapassar os limites da observação direta, ajuda a refinar modelos de evolução planetária, indicando como o material estelar se organiza até gerar mundos completos.
O futuro da busca por novos planetas
A pesquisa publicada no The Astrophysical Journal é parte de uma série de observações que ampliam o legado de descobertas anteriores, como os protoplanetas PDS 70 b e PDS 70 c, detectados em 2020.
O próximo passo será aplicar instrumentos ainda mais sensíveis, como o SCALES, um imageador de alto contraste que promete capturar os estágios mais sutis da formação de planetas.

