O aquecimento global está transformando a Antártida de maneira cada vez mais semelhante ao que ocorre na Groenlândia, apontam pesquisadores dinamarqueses. Essas alterações indicam que o nível global do mar pode subir mais rapidamente do que os modelos anteriores previam, aumentando os riscos para regiões costeiras em todo o mundo.
O estudo, publicado na revista Nature Geoscience por Ruth Mottram e colegas do Instituto Meteorológico Dinamarquês (DMI), utiliza o conceito de “Groenlandificação” da Antártida para comparar processos de derretimento entre os dois polos.
- Aceleração das correntes de gelo: geleiras deslizam mais rápido em direção ao mar;
- Penetração de água derretida nas fendas: facilita a ruptura da camada de gelo;
- Redução do gelo marinho: diminui a estabilidade das plataformas de gelo;
- Aumento das temperaturas: mudanças regionais impactam a criosfera antártica;
- Risco de elevação do nível do mar: potencial superior a 50 metros em caso de derretimento total.
Degelo dinâmico e rápido
Observações de satélite e modelos climáticos revelam que a criosfera antártica está se tornando tão dinâmica quanto a da Groenlândia. A água derretida infiltra-se nas fissuras das geleiras, acelerando o deslizamento das camadas de gelo e comprometendo a estabilidade de regiões antes consideradas estáveis.

Além disso, o desaparecimento do gelo marinho contribui para o aumento da temperatura local e intensifica a exposição do continente à radiação solar, criando um ciclo de retroalimentação que acelera ainda mais o degelo.
Impactos globais do derretimento
O colapso completo da camada de gelo da Groenlândia já resultaria em uma elevação de cerca de sete metros no nível do mar. Contudo, a Antártida possui uma quantidade de gelo muito maior, cujo derretimento total poderia elevar o nível global do mar em mais de 50 metros, colocando em risco grandes áreas costeiras e cidades ao redor do planeta.
O conceito de “Groenlandificação da Antártida” ajuda os cientistas a compreender e prever os processos de derretimento, usando o Ártico como um laboratório natural para analisar a dinâmica das camadas de gelo. Esse paralelo permite antecipar mudanças climáticas críticas, promovendo alertas precoces e planejamentos estratégicos globais.