Alga tóxica cresce nas praias do Caribe e Brasil, impactando turismo
Sargaço avança no Caribe e Brasil, afetando turismo, pesca e saúde

Sargaço espalhado pelas praias do Caribe durante o amanhecer. (Crédito da imagem: MayaCom da Getty Images/ Canva Pro)

O sargaço, uma alga marinha que antes permanecia restrita ao chamado Mar do Sargaço, tornou-se um desafio ambiental e econômico. Desde 2010, fatores como mudanças climáticas, correntes marítimas alteradas e o excesso de nutrientes no oceano favoreceram sua expansão. Hoje, ela já atinge em cheio o Caribe e começa a se espalhar pelas praias do Brasil, com impactos tanto no turismo quanto na pesca.

  • O Caribe registrou recordes de acúmulo em 2023, comprometendo praias e resorts;
  • No Brasil, os casos cresceram em estados como Pará, Maranhão e Piauí, além de Fernando de Noronha;
  • Em decomposição, o sargaço libera ácido sulfídrico e metano, prejudiciais à saúde;
  • O monitoramento por satélite ainda é limitado, exigindo iniciativas de observação cidadã;
  • Há projetos que reaproveitam a alga para biofertilizantes, biogás e construção civil.

Do Caribe ao Brasil: um cenário em transformação

Sargaço boiando nas águas do Caribe, próximo à costa de St. Thomas, nas Ilhas Virgens Americanas (Crédito da imagem: Heinemann de Getty Images/ Canva Pro)

Desde 2015, turistas em Cancún relatam praias tomadas por manchas marrons e odor desagradável. Hotéis como o Moon Palace precisaram investir em barreiras de contenção, barcos de coleta e monitoramento diário para reduzir as reclamações. Segundo David Ramirez, coordenador ambiental do resort:

“Acreditávamos, assim como todos, que era um evento atípico, algo temporário e que não voltaria. Mas, com o tempo, percebemos que esse fenômeno é algo com que lidaremos todos os anos”.

No Brasil, embora o turismo não seja tão afetado quanto no Caribe, o setor pesqueiro já sofre consequências. Redes ficam presas e o transporte fluvial é prejudicado. Edson Vasconcellos, professor da UFRA, alerta que se trata de:

“um ecossistema novo que está chegando, e ainda estamos tentando entender. E tem efeito diversos, positivos e negativos”.

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Impactos na saúde e no ambiente

Aglomerados de algas marrons do gênero Sargassum em uma praia do Caribe, em Guadalupe. (Crédito da imagem: Efenzi da Getty Images/ Canva Pro)

O sargaço não é apenas um incômodo visual. Em grande volume, sua decomposição libera gases tóxicos, como o ácido sulfídrico, que podem causar problemas respiratórios. Por isso, especialistas recomendam o uso de máscaras, luvas e calçados de proteção para quem manipula as algas.

Além disso, o acúmulo compromete ecossistemas marinhos, alterando a dinâmica costeira e ameaçando espécies locais.

Caminhos para lidar com o problema

Apesar do impacto negativo, pesquisadores enxergam oportunidades. O sargaço já vem sendo utilizado para:

  • Produção de biofertilizantes;
  • Desenvolvimento de biogás;
  • Aplicações na construção civil.

Como reforça a botânica marinha Ligia Collado-Vides:

“Temos que ter consciência que isto é uma questão internacional. Tem que haver diplomacia entre os países […] como para a questão da mudança climática”.

O avanço do sargaço representa mais do que um desafio ambiental: trata-se de uma questão global que afeta saúde, turismo e pesca. Enquanto medidas locais, como barreiras e reaproveitamento, ajudam a mitigar danos, somente a cooperação internacional e políticas ligadas ao clima e uso sustentável dos oceanos poderão frear seu crescimento descontrolado.

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Leandro Sinis é biólogo, formado pela UFRJ, e atua como divulgador científico. Apaixonado por ciência e educação, busca tornar o conhecimento acessível de forma clara e responsável.

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