A origem da água no Universo sempre foi um enigma que desafiou astrônomos. Agora, uma descoberta inédita reacende esse mistério: pesquisadores identificaram água pesada (D₂O) em um disco ao redor da estrela jovem V883 Ori, revelando moléculas mais antigas que o próprio sistema estelar. Essa evidência sugere que parte da água presente em planetas e cometas pode ter nascido nos primeiros instantes do Universo.
Para compreender a dimensão do achado, é importante destacar que essas moléculas não se formaram recentemente. Elas carregam uma assinatura química que indica uma jornada interestelar de bilhões de anos, resistindo a colapsos estelares e processos de aquecimento cósmico.
O que a descoberta revela sobre a origem da água?
- A água não é exclusiva de sistemas jovens;
- Moléculas podem atravessar eras cósmicas preservadas em gelo;
- A formação dos planetas pode contar com ingredientes já existentes no Universo primitivo.
Ecos do Universo primitivo em novos mundos

A detecção de D₂O indica que a água observada em discos protoplanetários, como o de V883 Ori, tem uma origem pré-estelar, transportada desde antigas nuvens moleculares que existiam antes mesmo da formação das estrelas. Isso significa que parte da água encontrada em cometas e, possivelmente, na Terra, é um legado cósmico ancestral.
Diferentemente de teorias que defendiam uma formação local, essa evidência reforça o conceito de uma linha contínua da água, que viaja do espaço profundo para os sistemas em nascimento. Assim, a presença de água nos planetas pode ser resultado de uma herança do Universo primitivo, e não apenas de processos internos dos discos.
Impacto na compreensão da vida e dos planetas
Essa descoberta, publicada na revista Nature Astronomy, amplia o entendimento sobre os blocos fundamentais da vida. Se a água é mais antiga que as estrelas, então as condições básicas para a habitabilidade podem estar presentes muito antes da formação de mundos rochosos.
Além disso, esse achado fornece pistas essenciais para futuras missões espaciais que investigam cometas, exoplanetas e objetos gelados do Sistema Solar. A busca por vida pode, agora, começar ainda mais cedo: nas origens químicas do próprio cosmos.