Astrônomos observaram um buraco negro girando e curvando o espaço-tempo à sua volta, pela primeira vez, confirmando teorias formuladas há mais de 100 anos por Albert Einstein, Josef Lense e Hans Thirring. O fenômeno, conhecido como precessão de Lense-Thirring, descreve como objetos extremamente massivos e em rotação podem arrastar o tecido do universo ao redor de si. Para compreender melhor, imagine:
- Um pião girando na água, criando um redemoinho que movimenta tudo ao redor;
- Um disco de matéria e jatos de partículas oscilando, afetados pela curvatura do espaço-tempo;
- Um ciclo contínuo de 20 dias, evidenciando o efeito de forma observável.
Essa analogia simples ajuda a visualizar como o buraco negro influencia o ambiente próximo de maneira dinâmica e intensa.
Primeira observação direta de precessão de lense-thirring em ação
O fenômeno foi detectado em AT2020afhd, um evento de ruptura de maré (TDE, em inglês), que ocorre quando uma estrela é destruída pela gravidade de um buraco negro. Os restos da estrela formaram um disco giratório, enquanto parte da matéria foi ejetada em jatos de alta velocidade.

Para identificar a precessão de Lense-Thirring, os cientistas analisaram sinais de raio X e ondas de rádio, coletados pelo Observatório Neil Gehrels Swift (NASA) e pelo Very Large Array Karl G. Jansky (NRAO), além da composição, estrutura e comportamento do material por meio de espectroscopia eletromagnética, observando ainda as oscilações coordenadas entre discos e jatos, que confirmaram a teoria.
O estudo contou com a participação de mais de 40 pesquisadores, liderados pelos Observatórios Astronômicos Nacionais da Academia Chinesa de Ciências, em parceria com a Universidade de Cardiff, e foi publicado na revista Science Advances.
Avanço histórico na observação de buracos negros
Essa descoberta não apenas valida previsões centenárias, mas também abre novas oportunidades para estudar a rotação de buracos negros, o comportamento de discos de acreção e a interação entre gravidade extrema e espaço-tempo, com impactos significativos em modelos cosmológicos futuros.
Além de reforçar a precisão das teorias de Einstein, a observação de AT2020afhd representa um avanço histórico na astronomia observacional, permitindo que cientistas testem efeitos gravitacionais de maneira direta e detalhada.

