Observar o céu sempre foi essencial para entender nossa origem, mas ver o universo apenas em luz visível é como ler um livro com páginas faltando. Agora, essa limitação começa a ser superada. Um novo telescópio espacial da NASA concluiu o primeiro mapeamento infravermelho completo do céu, revelando o cosmos em 102 cores diferentes, invisíveis ao olho humano, porém riquíssimas em informação científica.
Esse feito inaugura uma nova fase da astronomia observacional. Ao captar comprimentos de onda associados a estrelas, poeira cósmica, gás quente e galáxias distantes, o observatório cria uma visão integrada do universo, capaz de conectar eventos que ocorreram logo após o Big Bang com a estrutura atual do cosmos.
Logo após os primeiros meses de operação, o volume de dados já se mostra impressionante. Para facilitar a compreensão, os cientistas poderão usar esse mapa para investigar:
- A evolução das galáxias ao longo de quase 14 bilhões de anos;
- A distribuição tridimensional de centenas de milhões de galáxias;
- A presença de água, gelo e compostos orgânicos na Via Láctea;
- Regiões onde estrelas e sistemas planetários estão se formando.
Um telescópio que enxerga em múltiplas dimensões

Diferente de missões anteriores, o grande diferencial do SPHEREx está na combinação entre espectroscopia detalhada e campo de visão total. Cada uma das 102 cores corresponde a um comprimento de onda específico do infravermelho, permitindo identificar propriedades físicas e químicas dos objetos observados.
Enquanto telescópios como o James Webb analisam regiões pequenas com altíssima precisão, o SPHEREx atua como um scanner cósmico, cobrindo todo o céu repetidamente. Essa abordagem possibilita criar um mapa tridimensional do universo, algo essencial para medir distâncias cósmicas e padrões sutis de aglomeração galáctica.
O que isso revela sobre a origem do universo?
Ao mapear a distribuição das galáxias em grande escala, os dados ajudam a investigar um dos períodos mais enigmáticos da cosmologia: a inflação cósmica, uma expansão extremamente rápida que ocorreu em frações inimagináveis de segundo após o Big Bang. As marcas desse evento ainda estão impressas na forma como a matéria se organiza no universo atual.
Além disso, o conjunto de dados será totalmente público, acelerando descobertas e permitindo que pesquisadores do mundo inteiro explorem novas hipóteses sobre a formação do cosmos e, indiretamente, sobre as condições que tornaram a vida possível.

