Telescópio da NASA cria mapa completo do cosmos em cores jamais vistas

NASA mapeia todo o céu em 102 cores invisíveis ao olho humano (Imagem: NASA/JPL-Caltech)
NASA mapeia todo o céu em 102 cores invisíveis ao olho humano (Imagem: NASA/JPL-Caltech)

Observar o céu sempre foi essencial para entender nossa origem, mas ver o universo apenas em luz visível é como ler um livro com páginas faltando. Agora, essa limitação começa a ser superada. Um novo telescópio espacial da NASA concluiu o primeiro mapeamento infravermelho completo do céu, revelando o cosmos em 102 cores diferentes, invisíveis ao olho humano, porém riquíssimas em informação científica.

Esse feito inaugura uma nova fase da astronomia observacional. Ao captar comprimentos de onda associados a estrelas, poeira cósmica, gás quente e galáxias distantes, o observatório cria uma visão integrada do universo, capaz de conectar eventos que ocorreram logo após o Big Bang com a estrutura atual do cosmos.

Logo após os primeiros meses de operação, o volume de dados já se mostra impressionante. Para facilitar a compreensão, os cientistas poderão usar esse mapa para investigar:

  • A evolução das galáxias ao longo de quase 14 bilhões de anos;
  • A distribuição tridimensional de centenas de milhões de galáxias;
  • A presença de água, gelo e compostos orgânicos na Via Láctea;
  • Regiões onde estrelas e sistemas planetários estão se formando.

Um telescópio que enxerga em múltiplas dimensões

Novo telescópio revela o universo em detalhes nunca vistos (Imagem: NASA/JPL-Caltech)
Novo telescópio revela o universo em detalhes nunca vistos (Imagem: NASA/JPL-Caltech)

Diferente de missões anteriores, o grande diferencial do SPHEREx está na combinação entre espectroscopia detalhada e campo de visão total. Cada uma das 102 cores corresponde a um comprimento de onda específico do infravermelho, permitindo identificar propriedades físicas e químicas dos objetos observados.

Enquanto telescópios como o James Webb analisam regiões pequenas com altíssima precisão, o SPHEREx atua como um scanner cósmico, cobrindo todo o céu repetidamente. Essa abordagem possibilita criar um mapa tridimensional do universo, algo essencial para medir distâncias cósmicas e padrões sutis de aglomeração galáctica.

O que isso revela sobre a origem do universo?

Ao mapear a distribuição das galáxias em grande escala, os dados ajudam a investigar um dos períodos mais enigmáticos da cosmologia: a inflação cósmica, uma expansão extremamente rápida que ocorreu em frações inimagináveis de segundo após o Big Bang. As marcas desse evento ainda estão impressas na forma como a matéria se organiza no universo atual.

Além disso, o conjunto de dados será totalmente público, acelerando descobertas e permitindo que pesquisadores do mundo inteiro explorem novas hipóteses sobre a formação do cosmos e, indiretamente, sobre as condições que tornaram a vida possível.

Leandro Sinis é biólogo, formado pela UFRJ, e atua como divulgador científico. Apaixonado por ciência e educação, busca tornar o conhecimento acessível de forma clara e responsável.