Descoberta de vegetal fossilizado de 400 milhões de anos explica origem das plantas gigantes

Plantas primitivas desenvolviam estratégias que levaram a árvores gigantes. (Imagem: Getty Images/ Canva Pro)
Plantas primitivas desenvolviam estratégias que levaram a árvores gigantes. (Imagem: Getty Images/ Canva Pro)

Plantas modernas impressionam não apenas pela beleza, mas pelo tamanho. Enquanto algumas espécies atingem mais de 100 metros de altura, seus ancestrais eram minúsculos e desafiavam a sobrevivência fora da água. Pesquisas recentes sobre o fóssil Horneophyton lignieri, com 407 milhões de anos, estão mudando nossa compreensão de como as plantas iniciaram sua jornada de crescimento na Terra. Este fóssil, descoberto no Chert de Rhynie, na Escócia, preserva detalhes únicos do seu sistema vascular primitivo, revelando mecanismos que permitiram a expansão da planta em tamanho e complexidade.

O estudo do Horneophyton indica que seu sistema condutor combinava transporte de água e nutrientes em um único fluxo, diferente das plantas modernas. Além disso, ele representa um estágio intermediário da evolução do xilema e floema, fornecendo pistas sobre o ancestral comum das plantas vasculares.

  • Transportava água e açúcares juntos, sem separação como em plantas atuais;
  • Composto por células de transferência, precursoras do floema moderno;
  • Permitiria crescimento de até 20 centímetros, maior que plantas primitivas anteriores;
  • Representa um modelo de sistema vascular inovador, intermediário entre eófitas e plantas maiores;
  • Fornece evidências sobre a evolução de diferentes estratégias de transporte de nutrientes.

Horneophyton e a revolução do sistema vascular nas plantas antigas

Fóssil de 400 milhões de anos mostra transporte de água e nutrientes. (Imagem: The Trustees of the Natural History Museum, London)
Fóssil de 400 milhões de anos mostra transporte de água e nutrientes. (Imagem: The Trustees of the Natural History Museum, London)

O sistema vascular funciona como um sistema circulatório vegetal, conduzindo água, minerais e açúcares por todo o corpo da planta, e é formado por dois componentes principais: o xilema, responsável pelo transporte de água e minerais das raízes até as folhas, e o floema, que distribui açúcares e produtos da fotossíntese para onde são necessários. 

No Horneophyton, água e nutrientes circulavam juntos, permitindo que mesmo uma planta pequena mantivesse um corpo funcional. Posteriormente, espécies como a Asteroxylon desenvolveram xilema e floema separados, alcançando alturas maiores e abrindo caminho para árvores gigantes e samambaias extensas.

Como Horneophyton transformou a evolução e o crescimento das plantas

Horneophyton revela a evolução do sistema vascular das plantas antigas. (Imagem: Kamchatka via Canva)
Horneophyton revela a evolução do sistema vascular das plantas antigas. (Imagem: Kamchatka via Canva)

O uso de microscopia confocal 3D permitiu reconstruir a estrutura interna do Horneophyton, revelando que ele possuía um sistema vascular mais complexo do que se imaginava. Os achados indicam que plantas primitivas já exploravam diversas estratégias de transporte de nutrientes, e que o ancestral das plantas vasculares possuía um sistema condutor eficiente, mesmo antes do desenvolvimento completo do xilema. 

Embora o crescimento inicial dessas plantas fosse limitado, ele preparou o caminho para espécies maiores e para a formação de ecossistemas complexos. Estudos contínuos no Chert de Rhynie prometem revelar outros sistemas vasculares antigos, oferecendo insights valiosos sobre como a vegetação transformou a Terra em um planeta dominado por plantas complexas e gigantescas.

Leandro Sinis é biólogo, formado pela UFRJ, e atua como divulgador científico. Apaixonado por ciência e educação, busca tornar o conhecimento acessível de forma clara e responsável.