Medir a intensidade da ardência de alimentos sempre foi um desafio, pois depende da sensibilidade individual de quem prova. Para resolver essa questão, cientistas do Instituto de Tecnologia de Xangai, na China, desenvolveram um sensor em gel que funciona como uma língua artificial, capaz de reagir à capsaicina, substância responsável pela sensação de queimação. A pesquisa foi publicada em outubro na revista ACS Sensors e promete transformar a indústria alimentícia.
O dispositivo não apenas oferece uma alternativa mais segura, como também padroniza resultados, eliminando a subjetividade dos testes humanos. Essa inovação pode acelerar o desenvolvimento de molhos, temperos e produtos à base de pimenta. Principais vantagens da língua artificial:
- Mede a intensidade da picância sem expor humanos a doses altas de capsaicina;
- Reproduz a textura e propriedades físicas da língua real;
- Produz sinais elétricos que indicam o nível de ardor;
- Permite avaliações rápidas e consistentes em laboratórios e linhas de produção;
- Cria base para tecnologias sensoriais futuras que imitam partes do corpo humano.
Como o gel interpreta a ardência da capsaicina

O sensor funciona graças a um gel especial que simula a superfície da língua. Quando entra em contato com a capsaicina, pequenas alterações nos sinais elétricos são registradas, indicando a intensidade da ardência. Assim, os resultados deixam de depender do limiar individual de tolerância, que varia amplamente entre pessoas.
Além disso, o método garante segurança: testes com provadores humanos podem causar dor intensa, irritação ou desconforto, especialmente com pimentas muito fortes. Com a língua artificial, é possível padronizar medições sem riscos, mantendo precisão científica.
Aplicações práticas e futuro da tecnologia
O sensor já foi testado em pimentas de diferentes níveis de picância e em alimentos preparados, mostrando excelente precisão na identificação de variações de ardor. Na indústria alimentícia, isso significa controle de qualidade mais eficiente, evitando inconsistências e acelerando processos de desenvolvimento.
Além disso, o avanço abre portas para outras tecnologias biomiméticas. Futuramente, sensores poderão imitar textura, aroma e até paladar, ampliando a automação de testes sensoriais em larga escala. Com aperfeiçoamentos, dispositivos como esse podem ser integrados diretamente às linhas de produção, garantindo produtos mais seguros e padronizados.

