Pesquisas recentes indicam que mesmo ondas de calor moderadas podem reduzir a reprodução de ouriços-do-mar ao longo da costa do Pacífico, revelando um impacto mais sutil e precoce do que se imaginava. Antes, acreditava-se que apenas temperaturas letais interferiam nos ciclos reprodutivos dessas espécies.
O equilíbrio ecológico dessas regiões depende do controle natural das populações de ouriços, que podem devastar florestas de algas quando abundantes. A nova pesquisa da Universidade da Califórnia, Berkeley, mostra que temperaturas ainda abaixo do limite letal já suprimem a reprodução, o que pode gerar colapsos populacionais mais frequentes com o aquecimento global.
- O calor subletal pode interromper a produção de ovos em fêmeas adultas;
- O efeito ocorre antes de qualquer mortalidade significativa das larvas;
- Ondas de calor prolongadas no outono e inverno são mais prejudiciais;
- Populações do norte da Califórnia respondem de forma diferente às ondas de calor;
- O desequilíbrio populacional altera o crescimento e regeneração das algas costeiras.
Efeitos sutis, mas significativos no ciclo de vida
Os ouriços-do-mar passam por estágios complexos: os óvulos fertilizados se desenvolvem em larvas microscópicas que flutuam no plâncton por semanas, alimentando-se de fitoplâncton. Quando retornam à costa, fixam-se em algas e rochas, crescendo até se tornarem adultos que regulam a cobertura de algas.

O estudo revelou que fêmeas adultas cessam a produção de ovos em torno de 18°C, mesmo com alimento abundante e gônadas saudáveis. Isso explica colapsos observados após ondas de calor marinhas, principalmente na região sul da Califórnia, onde a escassez de larvas no ano seguinte prejudica a regeneração das florestas de algas.
Diferentes respostas ao longo da costa
Curiosamente, o efeito varia por região. No norte da Califórnia e até a Colúmbia Britânica, as ondas de calor não alcançam temperaturas tão altas para afetar a reprodução da mesma forma. Nesses locais, o aumento de larvas pode até intensificar o sobrepastoreio das algas, mostrando que o impacto do calor é tanto subletal quanto localizado, mas ainda crítico para a estabilidade do ecossistema.
Com o aumento da frequência de ondas de calor marinhas devido ao aquecimento global, compreender como os ciclos de reprodução são afetados permite que biólogos e coletores comerciais planejem estratégias de gestão sustentável. Além disso, os dados reforçam que o estresse ambiental subletal pode ter consequências profundas e inesperadas para os ecossistemas costeiros.

