Duas irmãs da Idade da Pedra ganham rostos em reconstrução realista

Duas irmãs pré-históricas viveram há 6.000 anos em mineração tcheca. (Crédito da imagem: Canva Pro/IA)

As histórias humanas mais antigas costumam permanecer nas sombras, mas às vezes a ciência consegue iluminá-las de forma surpreendente. É o caso das duas irmãs pré-históricas que viveram há mais de 6.000 anos em uma comunidade de mineração na atual República Tcheca. Graças a tecnologias modernas e análises minuciosas, agora podemos ver como elas provavelmente se pareciam e entender melhor como era a vida naquela época.

Um olhar direto para o passado

  • Reconstruções 3D hiper-realistas mostram traços físicos e vestimentas;
  • Restos mortais foram encontrados em uma mina de xisto na Morávia do Sul;
  • Estudo indica infância difícil e vida adulta forte;
  • Análises genéticas revelaram cores de olhos e cabelos;
  • Vestimentas recriadas a partir de fibras vegetais do período Neolítico;
  • Reconstruções feitas com gesso, silicone e próteses oculares.

As reconstruções, feitas com gesso, silicone, próteses oculares e implantes capilares, foram baseadas nos crânios extremamente bem preservados. Vale destacar que detalhes como cor dos olhos e cabelos foram determinados por análises genéticas: a mais velha provavelmente tinha olhos azuis e cabelos loiros, enquanto a mais jovem possuía olhos castanhos ou verdes e cabelos escuros

As irmãs chegaram aos 30 e 40 anos de idade, mesmo enfrentando uma existência marcada por trabalho intenso e lesões. (Crédito da imagem: Vaníčková et al. 2025 )

Com isso, os modelos não apenas mostram rostos, mas também roupas confeccionadas com fibras vegetais como linho e urtiga, comuns no período Neolítico.

Sepultamento misterioso e enigmas arqueológicos

As irmãs foram enterradas uma sobre a outra em um poço de mineração. Cabe ressaltar que, junto a elas, arqueólogos encontraram os restos de um cachorrinho e de um recém-nascido que não tinha relação genética com nenhuma das duas.

Isso porque o motivo para esse arranjo ainda é desconhecido. Além disso, não havia sinais claros de violência, mas alguns pesquisadores levantam a hipótese de que pudessem ter sido sacrificadas quando não conseguiam mais trabalhar.

Você pode gostar:

Vida dura e exploração na Idade da Pedra

Os cientistas examinaram e tomaram medidas dos crânios e demais ossos das irmãs para elaborar as reconstruções. (Crédito da imagem: Vaníčková et al. 2025)

Análises mostraram que as irmãs tiveram uma infância de carências, sofrendo com má alimentação e doenças, mas se tornaram fortes na vida adulta. As ossadas apresentavam fraturas, vértebras danificadas e sinais de trabalho pesado

Por isso, acredita-se que o sistema social da época explorava os mais vulneráveis, não necessariamente os mais fortes. Portanto, é possível que tenham sido forçadas a continuar trabalhando mesmo feridas.

Ciência e memória

Sendo assim, as reconstruções não são apenas imagens bonitas, são pontes para compreender a vida e as relações sociais em comunidades pré-históricas

Dessa maneira, conseguimos perceber por que o estudo da arqueologia é fundamental: ele revela não só como vivíamos, mas também como lidávamos com o trabalho, a família e a morte. Desse jeito, a história dessas duas mulheres continua viva, mais de seis milênios depois.

Mídias sociais:

  • Siga nosso perfil no Instagram e fique por dentro das novidades do Fala Ciência!
  • Receba conteúdos do Fala Ciência! em primeira mão. Clique e Acesse agora nosso canal no WhatsApp!

Leandro Sinis é biólogo, formado pela UFRJ, e atua como divulgador científico. Apaixonado por ciência e educação, busca tornar o conhecimento acessível de forma clara e responsável.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *