Energia escura enfraquece e expansão do universo pode estar desacelerando, revela estudo

Universo pode estar desacelerando, energia escura enfraquece com o tempo (Imagem: Gerada por IA/ Gemini)
Universo pode estar desacelerando, energia escura enfraquece com o tempo (Imagem: Gerada por IA/ Gemini)

Durante décadas, astrônomos acreditaram que o universo se expandia a uma taxa cada vez maior, impulsionado pela energia escura, uma força misteriosa que age como uma espécie de antigravidade. No entanto, novas pesquisas publicadas no Monthly Notices of the Royal Astronomical Society lançam luz sobre uma possibilidade surpreendente: a expansão do universo pode estar atualmente desacelerando.

O estudo analisou cuidadosamente supernovas do tipo Ia, longamente consideradas “velas padrão” para medir distâncias cósmicas, e revelou que a idade das estrelas progenitoras influencia significativamente a luminosidade observada. Esse viés, antes não considerado, muda drasticamente a interpretação dos dados cosmológicos.

  • Energia escura pode enfraquecer com o tempo;
  • Universo pode já estar em fase de desaceleração;
  • Correção da idade das supernovas altera modelos cosmológicos;
  • Modelos tradicionais ΛCDM são questionados;
  • Novos dados combinados de BAO e CMB reforçam o resultado.

Supernovas revisadas e o impacto na cosmologia

Supernovas e CMB indicam fim da expansão acelerada do cosmos (Imagem: NunDigital/ Canva Pro)
Supernovas e CMB indicam fim da expansão acelerada do cosmos (Imagem: NunDigital/ Canva Pro)

As supernovas do tipo Ia, quando analisadas sem considerar a influência da idade estelar, reforçavam o modelo tradicional de expansão acelerada. No entanto, após a correção do viés, os dados passaram a se alinhar melhor com um modelo de energia escura variável no tempo, apoiado por evidências de oscilações acústicas bariônicas (BAO) e da radiação cósmica de fundo (CMB).

Essa abordagem multidisciplinar revela que a suposta aceleração observada anteriormente não representa a realidade atual. Em vez disso, o universo já pode ter entrado em uma fase de desaceleração, indicando que a energia escura não é constante, mas evolui significativamente ao longo do tempo.

Mudança de paradigma na compreensão do cosmos

A descoberta desafia o modelo cosmológico padrão ΛCDM, que assume uma constante cosmológica. Com base na análise combinada de supernovas, BAO e CMB, os cientistas descartam a aceleração contínua, sugerindo que a energia escura diminui de intensidade, impactando diretamente a expansão universal.

Esses resultados oferecem novas perspectivas sobre a tensão de Hubble, uma divergência histórica entre medições da expansão local e do universo distante. A correção do viés das supernovas e o uso de amostras maiores proporcionam uma visão mais precisa da evolução cósmica.

O Observatório Vera C. Rubin, com sua poderosa câmera digital, promete detectar dezenas de milhares de novas galáxias hospedeiras de supernovas nos próximos anos. Essas medições permitirão testar de forma definitiva a evolução da energia escura e a dinâmica da expansão do universo.

Leandro Sinis é biólogo, formado pela UFRJ, e atua como divulgador científico. Apaixonado por ciência e educação, busca tornar o conhecimento acessível de forma clara e responsável.