James Webb identifica buraco negro brilhante e misterioso no espaço profundo

James Webb revela ponto vermelho que esconde buraco negro supermassivo (Imagem: NASA, ESA, CSA)
James Webb revela ponto vermelho que esconde buraco negro supermassivo (Imagem: NASA, ESA, CSA)

O Universo continua a surpreender com seus mistérios e objetos extremos. Recentemente, astrônomos identificaram um buraco negro supermassivo, apelidado de BiRD (“Big Red Dot”), com aproximadamente 100 vezes a massa do Sol, localizado na região do quasar J1030+0524. A descoberta, publicada na revista Astronomy & Astrophysics, fornece novas informações sobre como esses gigantes cósmicos evoluem desde o meio-dia cósmico, cerca de 4 bilhões de anos após o Big Bang.

Utilizando o Telescópio Espacial James Webb (JWST), que observa o cosmos em luz infravermelha, foi possível detectar o BiRD, um objeto que permanecia oculto em estudos anteriores realizados com raios X e rádio. Este achado abre caminhos para compreender melhor a formação e o crescimento de buracos negros supermassivos em regiões remotas do Universo.

Principais características do BiRD

  • Tamanho impressionante: cerca de 100 vezes a massa do Sol;
  • Visibilidade em infravermelho: luz infravermelha permite a detecção apesar de bloqueio de raios X;
  • Localização estratégica: região do quasar J1030+0524, uma área pouco explorada;
  • Ausência em catálogos anteriores: não constava em registros de raios X e rádio;
  • Potencial de estudo evolutivo: ajuda a entender a formação de buracos negros supermassivos.

Luz, poeira e a singularidade do BiRD

Buraco negro BiRD é detectado apenas em luz infravermelha pelo JWST (Imagem: Getty Images/ Canva Pro)
Buraco negro BiRD é detectado apenas em luz infravermelha pelo JWST (Imagem: Getty Images/ Canva Pro)

Buracos negros não emitem luz própria. Sua luminosidade surge do material que orbitam e consomem, criando quasares extremamente brilhantes. O BiRD apresenta um comportamento incomum: não emite raios X, como seria esperado em buracos negros ativos. A hipótese atual indica que uma camada densa de gás e poeira pode estar absorvendo essa radiação, permitindo apenas a passagem da luz infravermelha.

Esta característica torna o BiRD um laboratório natural para estudar a interação entre buracos negros e seu ambiente, além de demonstrar o potencial do JWST em revelar objetos invisíveis a outras tecnologias de observação.

Implicações para a astrofísica extragaláctica

A descoberta do BiRD não apenas amplia o conhecimento sobre buracos negros individuais, mas também contribui para entender a evolução de objetos supermassivos ao longo de bilhões de anos. Estudos como este podem ajudar a mapear a distribuição de quasares e esclarecer como buracos negros influenciam o crescimento de galáxias.

Com a ajuda do JWST, cientistas estão explorando uma nova fronteira da astrofísica, identificando objetos antes invisíveis e fornecendo dados cruciais para modelos teóricos do Universo primitivo.

O futuro das descobertas cósmicas

O BiRD é um exemplo do quanto a tecnologia de ponta pode transformar a exploração espacial. A luz infravermelha e métodos avançados de análise de dados permitem que astrônomos encontrem buracos negros ocultos e estudem seu impacto no cosmos. Pesquisas futuras poderão revelar novos objetos supermassivos, ampliando a compreensão da evolução galáctica e da estrutura do Universo.

Leandro Sinis é biólogo, formado pela UFRJ, e atua como divulgador científico. Apaixonado por ciência e educação, busca tornar o conhecimento acessível de forma clara e responsável.