COP30 se aproxima enquanto crise climática avança em ritmo alarmante

Crise climática acelera e eventos extremos se tornam cada vez mais frequentes (Imagem: Getty Images/ Canva Pro)
Crise climática acelera e eventos extremos se tornam cada vez mais frequentes (Imagem: Getty Images/ Canva Pro)

O planeta enfrenta uma aceleração sem precedentes da crise climática. Relatórios recentes de consórcios internacionais, incluindo a The Earth League e estudo publicado na revista BioScience, mostram que florestas, solos e oceanos estão cada vez menos capazes de absorver gases do efeito estufa, enquanto as temperaturas globais atingem recordes históricos. Essa situação evidencia um desequilíbrio energético da Terra, ampliando o risco de eventos climáticos extremos e impactos socioeconômicos graves.

Para facilitar a compreensão, o relatório resumiu os principais pontos em três frentes:

  • Aceleração do aquecimento global: temperaturas recordes, perda de gelo e calor oceânico;
  • Impactos já observados: ondas de calor, incêndios, secas, tempestades e elevação do nível do mar;
  • Caminhos para mitigação: políticas públicas, energias renováveis e proteção de ecossistemas.

Por que a temperatura sobe tão rápido?

COP30 precisa transformar promessas climáticas em ações concretas (Imagem:  Indah Lestari/ Canva Pro)
COP30 precisa transformar promessas climáticas em ações concretas (Imagem: Indah Lestari/ Canva Pro)

O aumento acelerado do calor global está ligado a múltiplos fatores, incluindo:

  • Menor reflexão solar devido à redução da cobertura de gelo e nuvens;
  • Fenômenos naturais, como El Niño, que apenas parcialmente explicam as anomalias;
  • Emissões humanas persistentes, especialmente pela queima de combustíveis fósseis e desmatamento.

Em 2024, a temperatura média global superou 1,55°C acima dos níveis pré-industriais, e o calor nos oceanos atingiu 0,6°C acima da média histórica, afetando diretamente a absorção de CO₂ e agravando o aquecimento.

A intensidade e frequência de incêndios florestais, furacões, ondas de calor e inundações têm aumentado drasticamente. Entre os exemplos recentes, furacões recordes no Caribe destacam a vulnerabilidade crescente do planeta. Além disso, o declínio de biodiversidade e o deslocamento de espécies marinhas sinalizam que os impactos ecológicos e econômicos são severos e contínuos.

Medidas urgentes e caminhos estratégicos

Relatório global alerta: aquecimento recorde exige ação imediata (Imagem: Getty Images/ Canva Pro)
Relatório global alerta: aquecimento recorde exige ação imediata (Imagem: Getty Images/ Canva Pro)

O relatório enfatiza a necessidade de:

  • Redução drástica das emissões de carbono para limitar o aquecimento a 1,5°C;
  • Expansão de energias renováveis, como solar e eólica, capazes de suprir até 70% da eletricidade mundial até 2050;
  • Proteção e restauração de ecossistemas, incluindo florestas, manguezais e zonas úmidas, removendo cerca de 10 gigatoneladas de CO₂ por ano;
  • Ação coordenada e financiada, garantindo recursos para países vulneráveis e transição justa.

Além disso, minimizar desperdícios alimentares e aumentar o consumo de alimentos vegetais pode reduzir emissões e melhorar segurança alimentar e saúde global.

COP30: da promessa à ação

Com a COP30 se aproximando, especialistas apontam que é hora de transformar metas em ações concretas, definindo indicadores claros, financiamento adequado e adaptação centralizada nas políticas globais. Apenas com compromissos verificáveis e implementáveis será possível frear a trajetória acelerada de caos climático que ameaça governança, paz e sistemas de saúde.

Leandro Sinis é biólogo, formado pela UFRJ, e atua como divulgador científico. Apaixonado por ciência e educação, busca tornar o conhecimento acessível de forma clara e responsável.