Sistema TOI-2267 surpreende a ciência com três planetas e dois sóis

Três mundos rochosos orbitam estrelas gêmeas em harmonia cósmica (Imagem: Gerada por IA/ Gemini)
Três mundos rochosos orbitam estrelas gêmeas em harmonia cósmica (Imagem: Gerada por IA/ Gemini)

O Universo acaba de surpreender novamente. Astrônomos descobriram o sistema TOI-2267, localizado a cerca de 190 anos-luz da Terra, onde três planetas do tamanho da Terra orbitam duas estrelas pequenas e frias. O que mais impressiona é que essa configuração não deveria existir segundo os modelos clássicos da astrofísica, mas existe, e de forma surpreendentemente estável.

O achado, publicado na revista Astronomy & Astrophysics, representa um marco para a astronomia moderna. Ele mostra que mesmo sistemas binários compactos, ambientes considerados caóticos e instáveis, podem abrigar mundos coerentes e duradouros.

Principais dados do sistema TOI-2267:

  • Duas estrelas frias e pequenas, separadas por 1,2 bilhão de quilômetros;
  • Três planetas do tamanho da Terra, dois orbitando uma estrela e um orbitando a outra;
  • Sistema binário mais frio e compacto com planetas já observado;
  • Descoberta feita com os telescópios TESS, SPECULOOS e TRAPPIST.

Um laboratório natural entre dois sóis

Duas estrelas, três planetas: um novo enigma do universo (Imagem: Gerada por IA/ Gemini)
Duas estrelas, três planetas: um novo enigma do universo (Imagem: Gerada por IA/ Gemini)

A estabilidade desse sistema é o que o torna tão especial. Mesmo com a forte interação gravitacional entre as estrelas, os três planetas mantêm órbitas regulares e alinhadas, contrariando o que se esperava de um ambiente tão dinâmico.

Esse cenário oferece aos cientistas um “laboratório natural” para investigar como planetas rochosos podem nascer e sobreviver em condições extremas. A descoberta também amplia o conceito de arquiteturas planetárias, ou seja, os diferentes modos como estrelas e planetas podem se organizar no cosmos.

Ao contrário do Sistema Solar, que gira em torno de uma única estrela, o TOI-2267 mostra que a natureza pode criar mundos em duetos estelares, e ainda manter a harmonia.

Quando a teoria precisa ser reescrita

Por décadas, acreditou-se que sistemas binários próximos eram instáveis demais para a formação de planetas. A força gravitacional combinada de duas estrelas tenderia a ejetar qualquer corpo recém-formado. No entanto, o TOI-2267 mostra que a gravidade pode cooperar, não apenas competir.

Os pesquisadores agora acreditam que discos de gás e poeira podem se estabilizar mesmo em regiões turbulentas, desde que haja equilíbrio entre as massas e as distâncias das estrelas. Essa descoberta obriga a ciência a revisitar seus modelos de formação planetária, moldados originalmente com base em sistemas como o nosso.

James Webb vai analisar as atmosferas dos 3 planetas

Telescópio James Webb será usado para investigar a atmosfera dos planetas (Imagem: Getty Images/ Canva Pro)
Telescópio James Webb será usado para investigar as atmosferas dos planetas (Imagem: Getty Images/ Canva Pro)

As próximas etapas incluem observações com o Telescópio Espacial James Webb (JWST), que poderá medir massa, densidade e composição atmosférica dos três planetas. Esses dados ajudarão a determinar se eles são rochosos, gasosos ou ricos em gelo, além de avaliar seu potencial de habitabilidade.

Mais do que procurar vida, a missão é entender como mundos tão estáveis surgem em ambientes improváveis. O TOI-2267 prova que o Universo é mais criativo do que imaginamos, e que ainda há muito a descobrir sobre onde a vida pode florescer.

Leandro Sinis é biólogo, formado pela UFRJ, e atua como divulgador científico. Apaixonado por ciência e educação, busca tornar o conhecimento acessível de forma clara e responsável.