Mudanças climáticas podem dizimar populações de moluscos costeiros até 2050

Redução de emissões de carbono é crucial para salvar moluscos marinhos (Imagem: Canva Pro)
Redução de emissões de carbono é crucial para salvar moluscos marinhos (Imagem: Canva Pro)

O aquecimento global não afeta apenas geleiras ou ursos polares; ele também coloca em perigo espécies marinhas essenciais, como os moluscos. Novos estudos indicam que, ao longo da costa da América do Norte, as mudanças ambientais podem reduzir drasticamente a presença de amêijoas, ostras e caracóis, comprometendo a saúde de ecossistemas inteiros.

Entre os principais fatores de risco estão:

  • Aumento da temperatura da água, que altera processos metabólicos e reprodução;
  • Acidificação dos oceanos, prejudicando a formação de conchas;
  • Alterações nas correntes marinhas, impactando o transporte de nutrientes essenciais;
  • Elevação do nível do mar, modificando habitats costeiros.

Essa combinação de fatores cria um cenário preocupante para todas as espécies de moluscos, independentemente de suas adaptações ecológicas.

O papel dos moluscos na manutenção do ecossistema

Aquecimento global ameaça moluscos e ecossistemas marinhos do Atlântico (Imagem: Getty Images/ Canva Pro)
Aquecimento global ameaça moluscos e ecossistemas marinhos do Atlântico (Imagem: Getty Images/ Canva Pro)

Moluscos desempenham funções críticas para a saúde ambiental:

  • Filtragem da água: amêijoas e ostras removem partículas e mantêm a qualidade da água;
  • Controle de algas: ajudam a prevenir blooms nocivos que desequilibram a cadeia alimentar;
  • Reforço do substrato: conchas contribuem para a estabilidade do fundo marinho;
  • Habitat para outras espécies: recifes de ostras e aglomerados de caracóis servem de abrigo para peixes e invertebrados.

A perda de moluscos não representa apenas a diminuição de uma população; ela pode gerar efeitos em cascata em toda a cadeia alimentar marinha.

Projeções e modelos climáticos: o futuro dos moluscos

Pesquisadores da Virginia Tech apresentaram recentemente um estudo na revista GSA Connects 2025, modelando cenários de emissões de carbono e seu impacto sobre moluscos. Entre os resultados:

  • Redução de mais de 60% na distribuição de todas as espécies estudadas;
  • Sem diferença significativa entre espécies com diferentes características físicas ou ecológicas;
  • Identificação de áreas costeiras mais vulneráveis à extinção.
Ostras, amêijoas e caracóis podem perder até 60% de seu habitat (Imagem: Getty Images/ Canva Pro)
Ostras, amêijoas e caracóis podem perder até 60% de seu habitat (Imagem: Getty Images/ Canva Pro)

Apesar da sofisticação dos modelos, eles ainda não capturam fatores como migração, interações bióticas e alterações do nível do mar, mas fornecem insights valiosos para direcionar esforços de conservação.

Apesar das previsões alarmantes, existe uma oportunidade de mitigação. Reduzir as emissões de carbono pode adiar os piores impactos e limitar a perda de moluscos. Comparações entre cenários extremos e moderados mostram que medidas de conservação e políticas climáticas podem ter efeito direto na sobrevivência dessas espécies.

A preservação dos moluscos não é apenas uma questão ambiental, mas também econômica e social, pois eles sustentam a biodiversidade marinha e serviços ecossistêmicos vitais.

Leandro Sinis é biólogo, formado pela UFRJ, e atua como divulgador científico. Apaixonado por ciência e educação, busca tornar o conhecimento acessível de forma clara e responsável.