A biodiversidade marinha brasileira, especialmente na região conhecida como Amazônia Azul, permanece ainda pouco explorada, apesar da sua importância ecológica e econômica. Para mudar esse cenário, a Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra) coordena uma expedição pioneira a bordo do navio-laboratório “Ciências do Mar II”, que percorrerá mais de 3 mil km em mar aberto, com o objetivo de mapear e estudar profundamente a vida marinha da região.
A iniciativa combina pesquisa científica e formação acadêmica, integrando profissionais e estudantes em um esforço inédito de observação e coleta de dados. O cruzeiro prevê a análise de uma ampla variedade de organismos, desde microrganismos e microalgas até peixes, mamíferos marinhos e aves, permitindo uma visão completa do ecossistema.
Metodologia e objetivos da expedição
A expedição possui uma abordagem integrada, com observações simultâneas e coleta de dados em tempo real. Entre os principais objetivos estão:
- Catalogar espécies marinhas pouco conhecidas ou possivelmente novas à ciência;
- Analisar impactos ambientais, como a salinização de rios e alterações climáticas na fauna;
- Formar alunos de graduação e pós-graduação em práticas avançadas de pesquisa marinha;
- Estabelecer protocolos unificados de coleta e análise de dados para futuras expedições.
Além disso, o projeto aproveita o equipamento avançado do navio, incluindo laboratórios a bordo, guindastes e instrumentos de análise de água e sedimentos, permitindo o estudo detalhado de espécies de esponjas, crustáceos, invertebrados e peixes, bem como mamíferos como baleias e golfinhos.
Potencial de descobertas e conservação

A Amazônia Azul abriga ecossistemas ainda pouco conhecidos, incluindo jardins submarinos de esponjas gigantes, que podem se estender por vários metros. A pesquisa tem um duplo impacto:
- Científico, por expandir o conhecimento sobre a biodiversidade marinha da região;
- Ambiental, ao fornecer dados essenciais para estratégias de conservação e manejo sustentável.
O mapeamento da fauna marinha permitirá entender melhor como mudanças climáticas e atividades humanas afetam a vida nos oceanos amazônicos, além de orientar políticas públicas de proteção ambiental.
Educação e formação científica
O cruzeiro também funciona como centro de treinamento prático, capacitando alunos em métodos modernos de coleta e análise de amostras marinhas. Este aprendizado é essencial para fortalecer a pesquisa nacional em Ciências Marinhas, promovendo autonomia científica na Amazônia.
O projeto representa um passo decisivo para a criação de um Centro de Estudos de Biodiversidade Marinha Amazônica, com expedições regulares e independentes, garantindo que a região seja estudada de forma contínua e sustentável.

