O calor extremo da coroa solar, milhões de graus mais quente que a superfície do Sol, intrigou cientistas por décadas. Um estudo internacional, publicado na revista Nature Astronomy, oferece agora uma explicação direta: a detecção de ondas de Alfvén torsionais em pequena escala. Observadas pelo Telescópio Solar Daniel K. Inouye, no Havaí, essas ondas podem ser a chave para entender o aquecimento da coroa e a origem do vento solar.
O trabalho pioneiro envolveu uma colaboração global, incluindo universidades do Reino Unido, China, Bélgica e o Observatório Solar Nacional dos EUA. A equipe utilizou técnicas avançadas de análise espectral para separar os sutis movimentos de torção das oscilações dominantes do plasma, alcançando resultados inéditos.
Descobrindo as ondas de Alfvén torsionais

As ondas de Alfvén são perturbações magnéticas que se propagam pelo plasma solar. A detecção direta das versões torsionais em pequena escala forneceu informações essenciais:
- Evidência de movimentos de torção nas linhas do campo magnético;
- Rastreio de átomos de ferro em temperaturas extremas;
- Separação dos movimentos de torção de oscilações mais intensas do plasma;
- Validação de modelos de aquecimento coronal e previsão de clima espacial.
Essas ondas transferem energia suficiente para aquecer a coroa, e podem também alimentar fenômenos magnéticos complexos, como os retornos magnéticos observados no Sistema Solar.
Impactos para ciência e tecnologia
Entender as ondas de Alfvén vai além da curiosidade científica. Seus efeitos incluem:
- Melhor previsão do vento solar e tempestades solares;
- Proteção de satélites, redes elétricas e sistemas de GPS;
- Aperfeiçoamento de modelos teóricos sobre turbulência magnética;
- Desenvolvimento de estratégias para resiliência tecnológica na Terra.
O Cryo-NIRSP, espectrômetro de alta precisão do telescópio, permitiu rastrear detalhes finíssimos da física da coroa, consolidando décadas de pesquisa teórica iniciada na década de 1940. A capacidade de observar diretamente os movimentos torsionais oferece um novo panorama do Sol e de como sua atmosfera se mantém extremamente quente.
Agora, os cientistas planejam estudar como essas ondas dissipam energia e se propagam na coroa. O objetivo é aprofundar a compreensão do aquecimento coronal e melhorar previsões de clima espacial, protegendo infraestruturas críticas na Terra e fortalecendo nossa capacidade de antecipar tempestades solares.

