Lixo espacial cresce e coloca Terra em risco ao danificar camada de ozônio

Lixo espacial e satélites ameaçam ozônio e segurança orbital (Imagem: Gerada por IA/ Gemini)
Lixo espacial e satélites ameaçam ozônio e segurança orbital (Imagem: Gerada por IA/ Gemini)

O espaço ao redor da Terra enfrenta uma crescente crise de lixo espacial, composta por satélites inativos, restos de foguetes e fragmentos de colisões. Com velocidades médias de 7 km/s, mesmo pequenos detritos podem causar danos severos a naves espaciais, satélites em operação e estações orbitais, como a ISS e a Estação Espacial Tiangong.

O problema se intensifica à medida que megaconstelações privadas de satélites, como a Starlink, planejam lançar dezenas de milhares de unidades. Somente a Starlink já colocou quase 8.000 satélites em órbita desde 2018, e a previsão é atingir 40.000. Redes como Kuiper, OneWeb, Telesat e StarNet também ampliam a densidade orbital, elevando os riscos de colisão e impactos em serviços críticos, como comunicação, navegação, TV e previsão meteorológica.

Principais desafios e riscos do lixo espacial:

  • Impactos em órbitas baixas podem danificar satélites ativos e provocar fragmentação em cascata;
  • Pequenos detritos, do tamanho de um centímetro, podem perfurar partes sensíveis de estações espaciais;
  • Satélites que queimam na atmosfera liberam óxido de alumínio, com potencial de afetar a camada de ozônio;
  • Colisões descontroladas podem tornar órbitas inteiras inutilizáveis por décadas.

Proteção e tecnologia de escudos

Megaconstelações aumentam risco de colisões e destruição de órbitas (Imagem: Gerada por IA/ Gemini)
Megaconstelações aumentam risco de colisões e destruição de órbitas (Imagem: Gerada por IA/ Gemini)

Para mitigar os impactos, satélites e estações são equipados com escudos multicamadas de até 15 cm, combinando Kevlar, fibra de carbono, fibra de vidro e alumínio, que absorvem e dispersam a energia dos impactos. Testes em laboratórios de hipervelocidade na NASA e na Universidade de Pádua simulam colisões a até 7 km/s, garantindo que os modelos computacionais reflitam a realidade do espaço.

Além disso, satélites em órbita baixa podem ser desacelerados artificialmente para que queimem na atmosfera. Objetos maiores são direcionados para órbitas “cemitérios” distantes ou depositados no Ponto Nemo, no Pacífico, garantindo que não interfiram em órbitas comerciais.

Consequências e futuro do espaço

Escudos espaciais protegem satélites, mas desafios crescem rápido (Imagem: Getty Images/ Gemini)
Escudos espaciais protegem satélites, mas desafios crescem rápido (Imagem: Getty Images/ Gemini)

A liberação de partículas de óxido de alumínio por satélites mortos pode levar 30 anos até afetar a camada de ozônio, representando uma mudança química significativa na atmosfera. Paralelamente, o aumento constante de detritos orbitais exige planejamento rigoroso de segurança aeroespacial, desenvolvimento de escudos mais leves e eficientes, e coordenação internacional para evitar colisões em larga escala.

O equilíbrio entre exploração espacial, serviços tecnológicos e preservação ambiental depende de políticas sustentáveis, monitoramento contínuo e inovação tecnológica para proteger tanto o meio ambiente quanto a segurança orbital.

Leandro Sinis é biólogo, formado pela UFRJ, e atua como divulgador científico. Apaixonado por ciência e educação, busca tornar o conhecimento acessível de forma clara e responsável.