A tecnologia de edição gênica está transformando rapidamente a produção de alimentos, tornando possível criar animais com características que levariam décadas para surgir naturalmente. Técnicas como o CRISPR permitem modificar sequências de DNA de peixes, bovinos e suínos, promovendo melhorias que incluem aumento de musculatura, resistência ao calor, eliminação de espinhas e até produção de leite hipoalergênico. Essas inovações devem chegar ao mercado brasileiro ainda nesta década, sinalizando uma nova era da agricultura e da pecuária.
Entre os principais avanços recentes:
- Peixes sem espinhas: Facilita o processamento e aumenta o aproveitamento da carne;
- Tambaqui e tilápia mais musculosos: Gene da miostatina neutralizado para crescimento maior;
- Bovinos Angus adaptados ao calor: Pelo mais curto e melhor tolerância térmica;
- Leite hipoalergênico: Sem beta-lactoglobulina (BGL), seguro para alérgicos;
- Suínos resistentes a doenças: Mutação bloqueia vírus da PRRS, reduzindo mortalidade e uso de antibióticos.
CRISPR como ferramenta estratégica

O CRISPR, sigla de “repetições palindrômicas curtas regularmente interespaçadas em cluster”, combina RNA e proteínas para localizar e modificar trechos específicos do DNA. Essa técnica permite não apenas acelerar o processo de melhoramento genético, mas também tornar a produção animal mais sustentável e resiliente diante das mudanças climáticas e de doenças emergentes.
No caso de peixes como tambaqui e tilápia, a edição gênica foca em genes ligados à calcificação de tendões e ao crescimento muscular. Para bovinos, genes de raças adaptadas ao clima tropical foram introduzidos para melhorar a tolerância ao calor, diminuindo o estresse térmico e aumentando a produtividade.
Benefícios e perspectivas futuras
A aplicação da edição gênica no setor agropecuário não apenas melhora a eficiência produtiva, mas também abre caminho para alimentos mais seguros e nutritivos, redução de impactos ambientais e menos dependência de antibióticos. Com testes já avançados em laboratório e campo, os próximos anos devem revelar uma geração de animais geneticamente melhorados capaz de atender à demanda global crescente por alimentos.
A perspectiva é que, com seleção natural assistida por CRISPR, espécies de alto valor nutricional e econômico sejam produzidas mais rapidamente e com maior confiabilidade genética, criando um modelo de produção mais sustentável e adaptado às exigências do futuro.