Vida antiga em Marte pode estar escondida sob camadas de gelo puro

Gelo em Marte pode preservar sinais de vida antiga por milhões de anos (Crédito: Pixabay/ Canva Pro)
Gelo em Marte pode preservar sinais de vida antiga por milhões de anos (Crédito: Pixabay/ Canva Pro)

O gelo subterrâneo em Marte pode atuar como uma verdadeira cápsula do tempo, preservando moléculas biológicas de vida antiga por dezenas de milhões de anos. Pesquisas publicadas na revista Astrobiology, conduzidas pela NASA e a Universidade Estadual da Pensilvânia, simulam condições extremas do planeta e mostram que compostos orgânicos podem sobreviver por períodos surpreendentemente longos, oferecendo oportunidades únicas para futuras missões de exploração.

A pesquisa destaca que gelo puro é especialmente eficaz na conservação de biomoléculas, ao contrário de depósitos misturados com sedimentos e minerais, que aceleram sua degradação. Entre os achados mais relevantes:

  • Proteínas e aminoácidos podem permanecer intactos por até 50 milhões de anos no gelo puro;
  • Misturas com solo marciano degradam moléculas dez vezes mais rápido;
  • Temperaturas baixíssimas, semelhantes às de luas geladas de Júpiter e Saturno, aumentam a preservação;
  • Depósitos de gelo são prioridades para missões de busca por sinais de vida.

Experimentos que revelam a preservação

Depósitos de gelo marciano funcionam como cápsulas do tempo biológicas (Crédito: Getty Images/ Canva Pro)
Depósitos de gelo marciano funcionam como cápsulas do tempo biológicas (Crédito: Getty Images/ Canva Pro)

Para entender a resistência das moléculas, amostras de Escherichia coli foram congeladas em dois cenários: gelo puro e gelo com minerais típicos de Marte. As amostras foram expostas a radiação equivalente a 20 milhões de anos em Marte, replicando temperaturas de -51,1 °C.

Os resultados indicaram:

  • Mais de 10% dos aminoácidos sobreviveram no gelo puro após 50 milhões de anos simulados;
  • Subprodutos da radiação, como radicais livres, ficam imobilizados no gelo puro, reduzindo danos químicos;
  • Minerais no solo criam películas líquidas que aumentam a degradação das biomoléculas.

Implicações para futuras missões

Focar em depósitos de gelo puro ou predominante aumenta significativamente as chances de encontrar vestígios biológicos. Além disso, os resultados orientam o desenvolvimento de tecnologias capazes de perfuração de gelo subsuperficial, aumentando o potencial de descobertas astrobiológicas.

O estudo reforça a importância do gelo marciano como arquivo da história da vida, oferecendo insights sobre vida extraterrestre e abrindo novas perspectivas para compreender a origem e evolução da vida na Terra e em outros mundos.

Leandro Sinis é biólogo, formado pela UFRJ, e atua como divulgador científico. Apaixonado por ciência e educação, busca tornar o conhecimento acessível de forma clara e responsável.

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