O aumento das temperaturas representa um desafio crescente para a saúde pública na América Latina. Atualmente, o calor é responsável por cerca de 1 em cada 100 mortes na região, mas projeções indicam que esse número pode mais do que dobrar até 2054, principalmente devido ao envelhecimento populacional e cenários de aquecimento global moderado de 1º C a 3º C. A análise envolveu 326 cidades de países como Brasil, Argentina, Chile, México e Peru, reunindo dados de mortalidade, censos demográficos e registros de saúde.
Entre os impactos mais preocupantes estão os efeitos diretos do calor em idosos e populações vulneráveis, que enfrentam maior risco de infartos, insuficiência cardíaca e complicações de doenças crônicas. Além disso, condições de vida precárias e falta de acesso a ar-condicionado ou áreas verdes aumentam a exposição a temperaturas extremas.
Principais fatores que aumentam a vulnerabilidade ao calor:
- Idade avançada, especialmente acima de 65 anos;
- Doenças crônicas, como cardiovasculares e respiratórias;
- Moradias sem ventilação adequada ou espaços verdes;
- Baixa renda e limitações de acesso a recursos de proteção.
Como as cidades podem se adaptar

A pesquisa evidencia que grande parte dessas mortes pode ser prevenida com políticas de adaptação climática e urbana. Estratégias incluem a implementação de planos de ação para ondas de calor, adaptação de infraestrutura urbana, expansão de áreas verdes e criação de corredores de ventilação, além de sistemas de alerta precoce para informar a população.
Além disso, ações de educação comunitária sobre proteção individual, priorização de atendimento de saúde a idosos e pessoas com doenças crônicas e protocolos municipais de resposta rápida podem reduzir significativamente a mortalidade em períodos de calor intenso.
O Salurbal-Clima e o futuro da saúde urbana
O estudo integra o projeto Salurbal-Clima, que reúne pesquisadores de nove países da América Latina e dos Estados Unidos. Com duração de cinco anos (2023-2028), o programa busca evidências científicas sobre os impactos das mudanças climáticas na saúde urbana, permitindo que governos desenvolvam políticas públicas mais eficazes e protejam populações vulneráveis frente ao aquecimento global crescente.
As conclusões reforçam a urgência de preparar cidades e comunidades, principalmente as mais afetadas, para enfrentar ondas de calor cada vez mais intensas, garantindo que a saúde e a vida dos cidadãos estejam protegidas no futuro próximo.