Telescópio James Webb captura jato colossal do buraco negro M87*

JWST revela jato poderoso do buraco negro M87* em infravermelho (Crédito: Getty Images/ Canva Pro)
JWST revela jato poderoso do buraco negro M87* em infravermelho (Crédito: Getty Images/ Canva Pro)

O Telescópio Espacial James Webb (JWST) trouxe à luz descobertas impressionantes sobre o buraco negro supermassivo M87*, o primeiro a ser fotografado diretamente pelo Event Horizon Telescope. Com sua câmera de infravermelho próximo (NIRCam), o JWST capturou imagens detalhadas do gigantesco jato de partículas subatômicas emitido pelo núcleo da galáxia Messier 87, localizada a cerca de 54 milhões de anos-luz da Terra.

Estas observações inéditas revelam não apenas o jato principal, mas também o contrajato em alta definição, proporcionando uma visão sem precedentes da estrutura e composição desse fenômeno cósmico. As imagens permitem, pela primeira vez, uma análise detalhada da região mais brilhante do jato, conhecida como HST-1, e de sua composição interna, conectando dados já obtidos em radiofrequência e luz visível.

Descobrindo a complexidade do jato

Detalhes inéditos do jato de M87* capturados pelo James Webb. (Röder J et al (2025), Astronomy & Astrophysics 701: L12. https://doi.org/10.1051/0004-6361/202556577. Licenciado sob CC BY 4.0)
Detalhes inéditos do jato de M87* capturados pelo James Webb. (Röder J et al (2025), Astronomy & Astrophysics 701: L12. https://doi.org/10.1051/0004-6361/202556577. Licenciado sob CC BY 4.0)

O estudo publicado na revista Astronomy & Astrophysics destacou como o jato de M87* interage com seu entorno, acelerando partículas a velocidades próximas à da luz. O processo de análise envolveu:

  • Isolamento do jato: remoção das emissões da galáxia e de estrelas, poeira e galáxias de fundo;
  • Mapeamento das características individuais: identificação de regiões específicas em quatro comprimentos de onda infravermelhos;
  • Destaque da seção HST-1: confirmação da presença de duas regiões emissoras distintas, observadas anteriormente apenas em raios X;
  • Visualização do contrajato: registro em alta definição do jato secundário em forma de C, que se projeta na direção oposta ao jato principal.

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Um laboratório cósmico único

O jato de M87* é particularmente valioso para a ciência porque está relativamente próximo em termos astronômicos e possui brilho intenso em múltiplos comprimentos de onda. Isso permite aos astrônomos estudar a física de jatos relativísticos de maneira mais precisa do que em outros sistemas similares. 

Além disso, pesquisas recentes mostraram que o buraco negro gira a quase 80% da velocidade máxima permitida pela teoria da relatividade e que seus campos magnéticos sofreram mudanças significativas em poucos anos, fenômeno que influencia diretamente a dinâmica do jato.

O uso do infravermelho é crucial para preencher a lacuna entre imagens de rádio e visível, revelando detalhes que antes permaneciam ocultos. Continuar a monitorar M87* em múltiplos comprimentos de onda permitirá compreender melhor a composição e interação do jato e do contrajato com o ambiente galáctico, aproximando os cientistas da imagem completa desse monstro cósmico.

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Leandro Sinis é biólogo, formado pela UFRJ, e atua como divulgador científico. Apaixonado por ciência e educação, busca tornar o conhecimento acessível de forma clara e responsável.

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